Adital: agência de notícias latino americana ganha prêmio da Unesco

06/03/2005 - 9h49

Michèlle Canes
Da Agência Brasil

Brasília – A Agência de Informação Frei Tito para América Latina (Adital), recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na quarta-feira (02), o reconhecimento pelo seu trabalho. "Em 2000 tivemos a proposta de um grupo da Itália, através do Frei Betto, de criar uma agência de notícias que divulgasse notícias sobre a América Latina para a Europa e para o mundo, principalmente sobre seus movimentos sociais. Em 2001 começamos a mandar as notícias", conta Ermanno Allegri, diretor da Adital.

A agência funciona em Fortaleza, uma escolha estratégica para fugir do eixo "Rio-São-Paulo-Brasília-Belo Horizonte" que centraliza as notícias. Segundo ele, uma cidade fora do eixo também é capaz de produzir boas notícias. Segundo Allegri, por trabalhar com os movimentos sociais, o veículo faz desses grupos suas fontes. Entre eles estão mulheres, jovens, indígenas, homossexuais, negros, trabalhadores rurais, operários e todos que, de uma forma ou de outra, reuniram-se para lutar por seus direitos e promoverem mudanças na sociedade. "Eles foram procurados pela Adital como fontes da informação, para que junto a eles tivéssemos repórteres que fornecessem informações diárias do que acontece na América Latina".

A partir dessa forma de trabalho, a Adital fala em um novo conceito de se fazer jornalismo, onde as fontes, como conta o diretor da agência, não são unilaterais, e onde os próprios atores sociais não são ouvidos. Ermanno Allegri explica que o novo conceito é de um jornalismo que "ajude a sociedade a crescer e a participar". Assim, segundo ele, "leva ao conhecimento da sociedade e da opinião pública os setores que hoje estão fazendo história na América Latina. É preciso que leitores, espectadores e ouvintes tenham oportunidades de conhecer o mundo que os rodeia".

"Hoje, nossa dificuldade é a mesma de outras entidades e iniciativas que vão por este novo caminho e os nossos governos não percebem isso. Não financiam", reclama Allegri. A empresa que financiou os primeiros passos do projeto não pode continuar enviando verbas. O prêmio ganho da Unesco como uma das melhores iniciativas na área de comunicação - junto com outras 19 entidades de outros países -, pode ajudar a reverter essa situação. "Finalmente uma entidade de respeito como a Unesco, coloca questão da comunicação em lugar de destaque. Isso nos deixou satisfeitos. Espero que este prêmio influencie países e Estados, porque a comunicação hoje tem um valor que muito grande".

As notícias que chegam à Adital são enviadas para 15 mil pessoas, entre elas, 1.200 jornalistas, que também podem difundir essas informações para o público.