Militares brasileiros feridos foram vítimas de revolta contra polícia do Haiti, diz coronel

27/02/2005 - 12h25

Saulo Moreno
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os militares brasileiros feridos em Porto Príncipe foram vítimas de revolta da população contra a Polícia Nacional Haitiana (PNH). A informação é do coronel Soares, um dos dirigentes do Exército Brasileiro no comando da Brigada Brasileira de Força de Paz. Ele disse que dois dias antes dos incidentes, a PNH havia feito uma operação na bairro de Bel-Air, região guarnecida pelas tropas brasileiras, matando seis pessoas inocentes, o que teria provocado os ataques. Quatro soldados teriam sido atingidos, mas só três tiveram ferimentos leves.

"Esses tipos de incidentes sempre acontecem por conta das ações da PNH. Os policiais haitianos não respeitam a população e entram nessas áreas atirando indiscriminadamente, provocando esses tipos de ação. Muitas vezes, eles acabam destruindo um trabalho de pacificação de meses feito por nós. Aí temos que recomeçar tudo de novo. É o risco que corremos quando fazemos o nosso trabalho na região, que é muito difícil, com ruas estreitas e escuras", disse Soares.

Em nota divulgada neste sábado, o Exército informa que as tropas brasileiras teriam sido chamadas na sexta-feira para apoiar uma guarnição da PNH, que perseguia marginais. Em função da revolta dos moradores da área, as tropas brasileiras intensificaram o patrulhamento em Bel-Air, quando os soldados acabaram sendo atingidos.

Um dos tiros que atravessou a porta da viatura e atingiu o coturno de um soldado, sem feri-lo. O segundo militar teria sido atingido superficialmente no braço direito por estilhaços de uma bala de arma longa; o terceiro foi ferido no braço esquerdo com um tiro de arma curta; e o quarto foi ferido no braço esquerdo e no rosto por estilhaços de bala e do vidro do pára-brisa da viatura alvejada.

Segundo o coronel Soares, os responsáveis pelos tiros não foram identificados. Ele disse que os militares estão bem, já retomaram a rotina em Porto Príncipe e o relacionamento com a população haitiana voltou à normalidade.