Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - Até 2003 o Brasil ocupava o primeiro lugar em casos de hanseníase. Para cada 10 mil habitantes, 4,5 eram portadores da doença. No ano passado, com a atualização dos dados da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, o país passou para o quinto lugar na relação número de pacientes-população (de cada 10 mil habitantes 1,7 está com a doença); e para o segundo em número de pessoas em tratamento.
O Brasil tem atualmente 79.908 pacientes de hanseníase. Na Índia essa população é quase seis vezes maior. De acordo com coordenadora nacional de Hanseníase do Ministério da Saúde, Rosa Castália, a Amazônia Legal, que abrange toda a região norte, além dos estados do Maranhão, Tocantins e MatoGrosso, responde por 70% dos casos. Os estados do Pará, Maranhão e Mato Grosso concentram o maior números de pacientes.
Rosa participa no Rio do Seminário Internacional sobre a hanseníase, que começou neste domingo e termina na próxima terça-feira (1º). Segundo ela, apenas 27% das unidades públicas de saúde fazem o diagnóstico e tratamento da doença. Em dezembro de 2003 esse índice era ainda menor; menos de 20%.
A expectativa do ministério é de que até o fim deste ano pelo menos 50% dos postos e hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) tenham capacidade de fazer o diagnóstico da doença. Ela defende o maior acesso da população aos tratamentos gratuitos, com a participação de 100% da rede pública no fornecimento de remédios, na definição do diagnóstico e no acompanhamento médico.
Para a coordenadora, a doença está diretamente associada às questões socioeconômicas, e isso explica, segundo ela, o fato de os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde a população tem uma qualidade de vida superior à meda brasileira, terem erradicado a doença.
No ano passado o governo gastou aproximadamente R$ 8 milhões no combate e tratamento da hanseníase, e com cursos de qualificação de profissionais. Neste ano a previsão é investir cerca de R$ 15 milhões do orçamento do Ministério da Saúde, além dos recursos de organizações internacionais. Só a Organização Mundial de Saúde (OMS) repassou em 2003, US$ 3 milhões para programas de combate a doença no país.