Brasília, 21/2/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que não houve omissão do Governo na proteção da missionária Dorothy Stang, assassinada no interior do Pará. Em entrevista na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o ministro informou ter atendido ao pedido feito pela missionária, quando ela esteve em Brasília, e ter determinado a tarefa à Polícia Federal no estado.
O ministro acrescentou que há uma omissão "de dezenas de anos" e que "começou a ser suprida pela presença do Estado lá". E reiterou que as medidas ambientais decididas pelo governo na última quinta-feira (17) já estavam planejadas. "O governo federal, desde o primeiro momento, está trabalhando no sentido de estabelecer um convívio civilizado, um tratamento da terra que preserve o ambiente", disse.
Para o ministro, que participou da inauguração do Espaço Cultural Evandro Lins e Silva, o governo está agindo "de maneira exemplar no caso". Na opinião de Thomaz Bastos, o crime tem caráter federal e "se no final assim ficar provado, as provas recolhidas pela Polícia Federal e pelo Exército serão utilizadas". O ministro afirmou ainda que "seja quem for o culpado, nós pretendemos ir até o fim na cadeia causal. Não se pode parar no meio – é pegar o pistoleiro e falar 'pronto, acabou a investigação'. Quem for culpado, dito pela Justiça, vai ser processado, condenado e irá para a cadeia. Esse é um ponto de honra para o governo".
Sobre o fato de ter sido decretado segredo de Justiça, disse que "é uma faculdade do juiz" que houve "uma reação fulminante", com a presença, no Pará, da Polícia Federal e do Exército, trabalhando com as polícias estaduais.
O presidente da OAB, Roberto Busato, disse não ver razão para que as investigações sobre o assassinato da missionária tenham sido colocadas como segredo de Justiça. "O mundo inteiro está acompanhando o episódio e dá a impressão de que estão querendo esconder alguma coisa, e o brasileiro não quer esconder nada", afirmou.
Na opinião de Busato, a decisão tomada pelo juiz estadual "é um retrocesso na Justiça". Ele acrescentou: "Quando um assunto é tão rumoroso, nós cidadãos brasileiros temos que dar uma resposta a esse estado de coisas, até à comunidade mundial, para mostrar o que o Brasil é capaz de fazer nesses casos".