Spensy Pimentel
Enviado especial
Altamira (Pará) – Rayfran das Neves Sales, o acusado de executar a tiros a missionária Dorothy Stang, teria confessado que foi contratado por Amair Freijole da Cunha ("Tato") para realizar o crime. A informação foi dada pela representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Denise Aguiar, na saída do depoimento do acusado.
Segundo a advogada, Rayfran disse que foi contratado, mas não chegou a receber o dinheiro combinado: R$ 50 mil. Amair Freijole está preso desde sábado passado e já foi indiciado por envolvimento no crime. Segundo os investigadores, ele seria o intermediário entre o mandante do crime, o pecuarista Vitalmiro Gonçalves de Moura ("Bida"), e os assassinos. Amair disse conhecer o suposto mandante, mas negou todas as acusações.
Após o depoimento de Rayfran das Neves Sales, nesta segunda-feira, os delegados que comandam as investigações afirmaram que as declarações "excluem qualquer responsabilidade" do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, Francisco de Assis de Souza, no caso. O sindicalista foi candidato a vice-prefeito em Anapu e era amigo da missionária.
"Rayfran mencionou o nome de "Chiquinho" [sindicalista Francisco de Assis], mas ouvido na Polícia Federal, ele retificou o depoimento dele", afirmou o delegado da Polícia Federal, Ualame Fialho Machado, que não deu mais detalhes do depoimento porque o caso está sob segredo de justiça. O delegado, porém, afirmou que a equipe de investigação "nunca acreditou" na tese divulgada anteriormente por Rayfran, pois, segundo ele, "não era condizente com os autos".
As investigações do caso correm em segredo de justiça, decretado pelo juiz Lauro Alexandrino, da Comarca de Pacajá, no sudoeste do Pará. O decreto foi pedido do promotor de justiça Savio Brabo de Araújo, do Ministério Público Estadual.