Spensy Pimentel
Enviado especial
Altamira (Pará) – A equipe de investigação do crime da missionária Dorothy Stang vai tentar nesta terça-feira reverter o decreto do juiz Lauro Alexandrino, da Comarca de Pacajá, no sudoeste do Pará, que decidiu pelo segredo de justiça no caso. A decisão judicial foi pedida pelo promotor de justiça Sávio Brabo de Araújo, do Ministério Público Estadual.
"Vamos conversar com os juízes para tentar rever esse posicionamento de sigilo do inquérito para que a gente possa dar uma posição sobre a correta linha de investigação", disse o delegado da Polícia Federal, Ualame Fialho Machado, após depoimento do acusado de disparar os tiros contra a freira, Rayfran das Neves Sales. Durante entrevista à imprensa, os investigadores não deram mais detalhes porque o caso está sob sigilo de justiça, decretado pela Comarca de Pacajá, no sudoeste do estado.
A representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Denise Aguiar, que acompanhou o depoimento de Rayfran das Neves disse que o acusado confessou o crime e que teria sido receberia R$ 50 mil de Amair Freijole da Cunha ("Tato") para realizar o assassinato de Dorothy Stang no dia 12 de fevereiro.
Em Brasília, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não questionou a decisão de sigilo decretada no Pará. "Acho que segredo de Justiça é uma faculdade do juiz. Eu sei que houve uma reação fulminante a esses crimes lá, a Polícia Federal está lá, o Exército está lá, estão trabalhando junto com as polícias estaduais", disse em entrevista na sede da OAB.
Já o presidente da OAB, Roberto Busato, disse não ver razão para que as investigações sobre o assassinato da missionária tenham sido colocadas como segredo de Justiça. "O mundo inteiro está acompanhando o episódio e dá a impressão de que estão querendo esconder alguma coisa, e o brasileiro não quer esconder nada", afirmou.