Rio, 24/12/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Moreira, disse que é preciso resolver com urgência o problema da taxa de câmbio, a fim de que a atividade exportadora brasileira não seja prejudicada no próximo ano. Em entrevista à Agência Brasil, Moreira disse que essa é a grande incógnita para o ano que vem.
Segundo Moreira, a atual taxa, na faixa de R$ 2,60 a R$ 2,70, não é compatível com a dinâmica que se pretende para as exportações, porque há um custo interno elevado e crescente, o chamado custo Brasil. "Se fosse possível reduzir o custo interno com rapidez, essa taxa entre
R$ 2,60 a R$ 2,80 seria compatível. Mas como não é (possível), é preciso que essa taxa realmente seja reajustada para algo parecido com R$ 3 ou R$ 3 e pouco".
Para Benedicto Moreira, a taxa nesse nível ou acima de R$ 3 corrige uma parte dos custos internos. Ele enfatizou que, à medida em que se valoriza demais o real frente ao dólar, são criadas dificuldades para o exportador vender. Além disso, há os custos internos.
"Para alguns setores, a rentabilidade é reduzida a quase nada, e eles vão continuar vendendo porque precisam vender, mas perdem o estímulo. Para outros setores, fica inviável. Eles perdem mesmo, e podem até parar de exportar, sobretudo a indústria de bens de capital de ciclo longo, onde a taxa de câmbio hoje é muito importante em decorrência dos custos internos. Se o governo conseguir baixar custos internos, a taxa fica neutra", disse Moreira.