Caio d'Arcanchy
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Polícia Federal negocia uma articulação com as polícias civil e militar do estado da Bahia para prevenir um novo conflito entre os sem terra e o fazendeiro Adriano Chafik Luedy. Na madrugada desta quinta-feira, cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda Rapa-Pau de propriedade de Luedy, na cidade de Itajuípe, próxima a Ilhéus, ao sul da Bahia.
A ação ocorre menos de uma semana depois que cinco integrantes do MST foram assassinados e 13 ficaram feridos em um acampamento do MST localizado em outra propriedade de Luedy, a fazenda Nova Aliança, localizada na cidade de Felizburgo, ao norte de Minas Gerais. Em nota oficial, o MST afirma que a ocupação da fazenda Rapa-Pau, na Bahia, é uma forma de protesto contra impunidade dos crimes e da violência cometida no campo.
Segundo o Coordenador Geral de Defesa da Polícia Federal, Wilson Sales Damázio, "a situação é delicada na fazenda de Itajuípe [BA], como foi também lá em Felisburgo [MG], justamente por conta daquele primeiro confronto [na fazenda Nova Alegria, em Felizburgo]". Ele acrescentou que o crime cometido em Felizburgo já vinha sendo investigado desde o dia em que ocorreu a chacina, no sábado passado (20).
Damázio revelou que os trabalhadores rurais haviam se comprometido a não realizar represálias ao fazendeiro Luedy, porque as investigações dos assassinatos já estavam em estágio avançado. "Estamos averiguando [a possibilidade de represália], já que o proprietário da fazenda de Felizburgo é o Adriano [Luedy], e essa fazenda que foi invadida agora também pertence a ele", disse Damázio.
Ainda no domingo (21), três suspeitos foram presos, e na segunda-feira (22) mais cinco suspeitos receberam mandado de prisão. Na terça (23), o ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, declarou que não havia mais dúvidas de que o fazendeiro Adriano Luedy era o mandante do ataque contra os trabalhadores rurais. O fazendeiro e o primo dele, Calixto Luedy, são considerados pela Polícia Federal como os principais suspeitos de serem, respectivamente, o mandante e o principal executor dos assassinatos.