Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - No esforço para manter o PMDB como aliado do governo no Congresso Nacional, dois ministros do partido estiveram hoje na Câmara dos Deputados para conversar com a bancada, que amanhã se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os ministros das Comunicações, Eunício Oliveira, e da Previdência Social, Amir Lando, defenderam junto à bancada que o PMDB continue unido e como um dos principais aliados do presidente Lula. "Os representantes do povo estão aqui no Congresso, e eles têm uma posição que o partido tem que levar em conta. Afinal de contas, o partido é uma representação política, e a representação política vinda do voto está aqui, assim como dos governadores, deputados estaduais e prefeitos", afirmou o ministro Amir Lando.
O impasse entre o PMDB e o governo começou no início de novembro, quando os governadores do partido, reunidos em São Paulo, manifestaram o desejo de buscar a independência. Diante dessa posição, as lideranças nacionais do partido, reunidas em Brasília, marcaram para o dia 12 de dezembro a Convenção Nacional, para definir se quer ou não deixar o governo federal.
O próprio presidente Lula e o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, entraram em campo para evitar que o PMDB desembarque da base aliada. Na última sexta-feira, o presidente jantou com senadores do PMDB e ouviu as queixas e principais reivindicações do partido. Amanhã será a vez dos deputados falarem ao presidente sobre as suas expectativas com relação ao Executivo.
O ministro Eunício Oliveira, no entanto, garante que o PMDB não reivindica mais espaço no primeiro escalão do governo. "O que a bancada reclamava, com razão, é a questão do relacionamento, da coalizão no sentido político. Nós não estamos discutindo cargos. Compete ao presidente Lula escolher os ministros dentro dos partidos políticos que ele achar conveniente. O PMDB não está fazendo oposição para barganhar cargos, para trocar posições de ministros", garantiu.
Segundo Eunício Oliveira, o partido majoritariamente defende a permanência no governo federal tanto no Senado Federal como na Câmara dos Deputados. O ministro lembrou que a Executiva Nacional do partido foi quem aprovou a entrada do PMDB no governo no final do ano passado. "A nossa posição será sempre majoritária no PMDB. Aqueles que tomaram a decisão pela sua Executiva, pelas suas bancadas, merecem o respeito daqueles que não concordam com essa posição. A democracia existe para isso, e o PMDB é um partido que foi criado na diversidade", disse.
Na avaliação dos ministros, que são contrários à convenção do dia 12 de dezembro, o partido tem que permanecer unido. "É preciso fazer algo para não rachar o PMDB. Fazer uma convenção para dividir o PMDB não é lógico. Fazer uma negociação entre os grupos políticos para fortalecer o PMDB conta com o meu apoio", afirmou Eunício Oliveira.
O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), defende que a convenção – órgão máximo deliberativo do partido – defina o futuro do partido. "Quem vai decidir é a convenção do dia 12. Não tem chance dela ser adiada porque todos votaram, e o único que se absteve foi o presidente do Congresso Nacional José Sarney", disse.
O senador José Sarney disse que a reunião da convenção "não tem sentido porque é um gesto pessoal" do presidente Temer. Segundo Sarney, a maioria da Comissão Executiva e as 17 comissões regionais estão, junto com as bancadas do PMDB na Câmara dos Deputados e no Senado, contrários à convocação da convenção. "Evidentemente o pensamento do presidente Michel não expressa o pensamento do partido. Ao contrário, é um pensamento divergente da maioria do partido", afirmou.