Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os bens do controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, ficarão indisponíveis pelo menos por seis meses. A medida também atinge os diretores. O Banco Central decretou, nesta sexta-feira (12), intervenção na instituição por deficiência patrimonial e dificuldades de liquidez.
"O ato de intervenção produz a indisponibilidade de bens dos diretores e do controlador", explicou hoje em entrevista o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Sérgio Cavalheiro. O Banco Santos possui 700 correntistas, em sua maioria empresas, além de investidores institucionais: fundos de pensão e de investimento. O número de correntistas é considerado pequeno.
O total de recursos de terceiros e depósitos a prazo administrados pela instituição é de R$ 1,8 bilhão. De acordo com Paulo Sérgio Cavalheiro, os correntistas poderão retirar no máximo R$ 20 mil de cadernetas de poupança e depósitos à vista. Ele destaca que essa regra não se estende aos fundos de investimento e depósitos a prazo.
Na avaliação do diretor do BC, a intervenção não deve alterar o humor do mercado financeiro na abertura dos negócios de terça-feira (16). "Não existe risco para o mercado porque o banco se restringe bastante a São Paulo e, segundo, porque os números dele não são tão relevantes se comparados ao sistema financeiro nacional," salienta.
Para Cavalheiro, são necessários R$ 700 milhões para que o banco volte a operar, sendo R$ 100 milhões para honrar compromissos e outros R$ 600 milhões para abrir as portas atendendo às regulamentações do Banco Central. "O patrimônio do banco está negativo em R$ 100 milhões, valor necessário para ele quitar as suas obrigações e encerrar as atividades. Para voltar a operar, necessita de aporte de recursos de R$ 600 milhões para recompor o patrimônio", explicou.
Dentro de 60 dias o interventor destacado para o caso, Vânio César Aguiar, chefe do Departamento de Supervisão Indireta do Banco Central, deve apresentar um relatório sobre a situação do Banco Santos. Entre as saídas para o futuro da instituição estão a capitalização, que é a entrada de recursos por parte do controlador provendo sua recuperação, ou a venda do banco. Esgotadas essas possibilidades, o BC poderá decretar a liquidação do banco ou requerer sua falência.