Lilian de Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sapatos de couro de peixe, farofa de pequi, sabonete de babaçu e colar de sementes de açaí. Estes são alguns produtos expostos na 1ª Feira Nacional da Agricultura Familiar. O evento, que acontece no Pavilhão Expobrasília do Parque da Cidade, termina amanhã, dia 14.
Pequenos produtores rurais, técnicos do governo e associações de agricultura familiar de várias regiões do país são os responsáveis pelos estandes. A intenção da maior parte dos expositores não é vender mercadorias diretamente ao consumidor, mas, sim, divulgar seus produtos.
O comerciante Carlos Castro, por exemplo, saiu do Baixo Tocantins, no Pará, para difundir as várias funções do açaí e trocar experiências com outros produtores. "Os colares, eu trouxe para demonstrar que um subproduto da fruta pode ser trabalhado e gerar emprego e renda para determinadas populações. Mesmo assim, várias pessoas querem comprar a todo custo", comemora.
Outra comerciante que trouxe um produto regional para exposição foi Vicentina Bispo, de Januária, Minas Gerais. Ela inventou uma farofa de pequi e, agora, comercializa o produto. "Na roça do meu pai há pequi em abundância. Nas festas, procurávamos coisas diferentes para comer. Assim, surgiu a idéia, de forma rústica", salienta.
Segundo Vicentina , o curso de agroindústria da Escola Federal de Januária abriu portas para a criação de novos produtos. "Fiz uma geléia de beterraba com cenoura. Ficou ótimo. E, na apresentação deste produto, surgiu a idéia de comercializar a farofa", relembra. Além da farofa e da geléia, ela também produz condimentos e pequi desidratado.
Tanta produção já trouxe resultados. Uma empresa de grande porte deseja produzir e comercializar o produto em larga escala. "Ainda não posso revelar o nome, mas me descobriram aqui na feira", despista.
Marlene Barbosa, do Mato Grosso do Sul, também já recebeu propostas na feira para ampliar a venda de seus produtos, todos eles fabricados com pele de peixe. Ela conta que a produção é feita por mulheres de pescadores de regiões ribeirinhas. "A mulher faz o processo artesanal de curtir o peixe, tingir e costurar", conta.
A feirante é responsável pelo projeto. Ela é técnica em curtimento e acabamento de peles exóticas. "Desenvolvi o projeto reciclando o peixe e implantei nas colônias de pescadores. A partir daí, foi criada em cada município uma associação das esposas de pescadores", diz Marlene, lembrando que com a atividade as mulheres ribeirinhas ganharam emprego e renda.
Ela não se dá por satisfeita - quer iniciar um trabalho com as filhas dos pescadores. "A mãe produz a pele, o marido faz a culinária e as meninas, que são jovens e criativas, vão transformar os ossos de peixes em bijuterias. Devemos passar a comercializar em 2005", prevê.