Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Reunião Especializada Sobre Agricultura Familiar (Reaf) estabeleceu hoje as atividades que devem ser desenvolvidas na área pelos países do Mercosul em 2005.
Os principais alvos do programa são o fortalecimento de políticas públicas comuns e a facilitação do comércio multilateral. Para que isto ocorra, representantes de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai passaram toda a manhã aprovando artigos do regimento interno da Reaf.
O aspecto mais discutido deste regimento foi a soberania de cada nação nas políticas públicas. Uruguaios e argentinos queriam a exclusão do assunto do texto. Já os brasileiros insistiam na permanência do tema. O Brasil acabou perdendo e o item foi eliminado. "Mas isso não representa uma perda para o Brasil. Retiramos este ponto pensando em algo maior", destacou o assessor internacional do ministério do Desenvolvimento Agrário, Laudemir Müller.
De acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, os dois eixos de trabalho aprovados podem ser adotados por todos os países membros do bloco econômico. Para ele, a agricultura familiar deve ter voz ativa nos acordos e negociações internacionais. "Esta é a primeira vez na história que a agricultura familiar tem espaço institucional na estrutura do Mercosul", destaca.
Para o integrante do Movimento Sem-Terra do Paraná, Reinaldo Brito, o acordo deverá favorecer amplamente o produtor rural. "A agricultura familiar é importante na geração de emprego e na dinamização das economias locais. Por isso, acredito que este tema deve estar em reuniões do Mercosul e em outros encontros internacionais, como na Organização Mundial de Comércio (OMC) e Alca" (Área de Livre Comércio da Américas), acredita.
No entanto, para ele, o processo de integração entre os países não deve ser apenas comercial. "Nossos países não são uma mercadoria. São feitos de pessoas. Por isso, temos que discutir aspectos sociais e econômicos e a integração dos povos", analisa.