Marcos Chagas, Iolando Lourenço e Lourenço Melo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Derrotas significativas para o PT, como as prefeituras de São Paulo e Porto Alegre, não significam, entretanto, uma derrota direta do Governo Lula. A afirmação é do cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, que não está entre os que defendem a tese de que houve uma federalização das eleições municipais, especialmente em São Paulo.
Segundo Fleischer, o petista Raul Pont perdeu as eleições em Porto Alegre para José Fogaça não por causa do Governo Lula, mas por falta de apoio do próprio PT. "Discordo de Raul Pont de jogar a culpa no Governo Lula. Se fosse culpa do governo federal, o PT teria pedido em muitos estados e não só no Rio Grande do Sul", avaliou Fleischer.
Em São Paulo, o cientista político atribui a derrota de Marta Suplicy "aos problemas que ela própria arrumou" durante a campanha. "Embora o governo dela tenha sido aprovado razoavelmente bem, a pessoa Marta Suplicy foi rejeitada", disse.
Da mesma forma David Fleischer não acredita que a vitória petista em Fortaleza possa ser atribuída ao apoio do governo federal. Ao contrário, a vitória de Luizianne Lins foi mérito próprio, afirmou o cientista político. "Foi a aguerrida luta de Luizianne, sua obstinação e teimosia, que ganhou a eleição", afirmou.
O professor destacou no entanto que a força do governo federal foi fundamental para o crescimento petista em cidades de pequeno e médio portes. Na avaliação de Fleischer, o repasse de recursos federais para essas cidades sempre conta a favor do partido do governo. "Quando o governo federal está no partido ‘x’, esse partido controla os recursos que vão para as cidades médias e pequenas do interior. Então, seria de esperar que esse partido pudesse usar esse mecanismo para crescer no interior", avaliou.
Para David Fleischer, PT e PSDB são os partidos que estão "rivalizando" na disputa "no Brasil mais organizado". Neste sentido, avalia que o PMDB e o PFL vem num segundo plano, mas com grande força no Congresso Nacional. "O PMDB ainda tem o maior número de senadores e o PFL a segunda maior bancada na Casa. Na Câmara, o PMDB é a segunda maior bancada, logo atrás do PT", ressalta Fleischer.