Meirelles: Petrobras define preços dos combustíveis

29/10/2004 - 18h55

Leonardo Stavale
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reconheceu hoje que a Petrobrás é "totalmente responsável pela definição dos preços de combustíveis no país", mas disse que cabe ao Banco Central acompanhar esses preços e o impacto que terão na taxa de inflação.

A declaração responde à nota da Petrobras, divulgada ontem à noite, em que a estatal rebatia crítica feita na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o reajuste dos combustíveis.

Para o Copom, a política da Petrobras de "postergar" o aumento do preço dos derivados de petróleo pressiona a inflação, ao criar a expectativa de um novo reajuste, já que o anunciado no dia 15 deste mês não seria suficiente para cobrir a diferença de preços no mercado externo.

Em resposta, a Petrobras afirmou em sua nota oficial que a política de preços dos combustíveis é de sua exclusiva responsabilidade e não vai "emitir opiniões nem divulgar suas eventuais expectativas sobre as taxas de juros futuras".

Meirelles participou hoje do 68º Seminário Internews, no Hotel Transamérica, em São Paulo, e aproveitou para explicar a posição do Banco Central sobre o assunto. Ele disse que "como qualquer Banco Central no mundo, faz parte do trabalho deste Banco Central e do Copom o acompanhamento da evolução dos preços importantes da economia".

Segundo o presidente do Banco Central, "isso, em alguns momentos, incentiva o debate, positivo e saudável, para a economia. No momento atual é claro que o preço internacional do petróleo adquiriu grande relevância, sendo objeto de atenção de todos os bancos centrais no mundo inteiro.O Copom faz e continuará a fazer exercícios de projeção de comportamento futuro de diversos preços e tem o dever de analisar seus impactos sobre a inflação já ocorrida e a já esperada."

Além disso, disse Meirelles, é um fator crucial na construção da credibilidade da instituição que o Banco Central seja absolutamente transparente não só nas suas análises, mas na transcrição das suas análises nas atas do Copom: "As projeções com relação aos combustíveis, às tarifas de telefonia, eletricidade, todos os demais preços administrados ou também aos preços livres não representam interferência na política de definição de preços".

Ainda de acordo com o presidente do Banco Central, não compete ao Copom emitir julgamento sobre estas decisões: "Concordamos integralmente com a Petrobrás, empresa que tantos serviços tem prestado ao Brasil, grande empresa internacional hoje, que é da Petrobrás a total responsabilidade pela política de preços de combustível, hoje e no futuro".