MST faz vígilia em frente à Embaixada dos EUA contra interferência na Venezuela

13/08/2004 - 21h37

Brasília, 13/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - Trabalhadores rurais dos países da América Latina fazem vigília em frente às embaixadas dos Estados Unidos para exigir que os americanos não interfiram no referendo sobre o mandato do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

A afirmação é do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, que lidera desde o início da noite de hoje uma vigília de cerca de 60 trabalhadores rurais em frente à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Rodrigues disse que os trabalhadores rurais vão passar a noite acampados em frente à embaixada. "Havia disposição da companheirada de permanecer até domingo, mas decidimos ficar somente até duas da tarde de amanhã, tendo em vista que achamos importante que os companheiros possam regressar para os acampamentos de assentamentos", disse. Segundo ele, o movimento está sendo organizado pela Via Campesina Internacional.

Além do MST, participam da vigília em Brasília líderes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de sindicatos ligados à CUT e de movimentos estudantis. Segundo a Polícia Militar, há cerca de 60 manifestantes em frente à embaixada americana. Outros 36 soldados guardam a embaixada. As vias de acesso à área foram bloqueadas e um cordão de isolamento foi montado em frente à entrada principal da Embaixada.

Em entrevista à Radiobrás agora à noite, a deputada federal Maria José Maninha (PT-DF), que está na Venezuela para observar o referendo, disse que o clima no país é de expectativa e espera. "Não há nenhum confronto, nenhuma escaramuça, e sim uma expectativa do que vai acontecer no dia da votação e no dia seguinte", disse.

Segundo a deputada a maior preocupação dos venezuelanos não é mais o referendo. "A preocupação maior é fazer com que esse país, que está dividido quase ao meip, se reconcilie. A economia e a política venezuelana estão paralisadas em função dessa disputa", afirmou.

Maninha foi convidada para observar o referendo por ser presidente da Confederação Parlamentar das Américas. Segundo ela 12 parlamentares brasileiros irão atuar como observadores, e outras centenas de brasileiros, ligados à sociedade civil organizada, também estarão presentes. Além do Brasil outros 15 países do hemisfério americano compõem a missão de países observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), além de representantes da Espanha, Japão e Noruega também estarão presentes.

Apesar da preocupação da comunidade internacional com a transparência do referendo, Mainha diz que a OEA não acredita na possibilidade de fraude: "O sistema eleitoral venezuelano, hoje, é totalmente informatizado e a identificação dos eleitores é digital (impressão digital)".