Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Alto Boa Vista (MT) - Fazendeiros e moradores do município Alto Boa Vista, em Mato Grosso, estão preocupados com a reocupação de parte do local por índios xavantes Marãwatsede. A reserva indígena xavante foi homologada em 1998, com uma área de 165 mil hectares. Pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), 20 mil hectares ficam reservados para os posseiros. Essa região reservada não inclui grandes fazendas, mas apenas vilas de pequenos agricultores que já chegam a agrupar 3 mil pessoas.
Mesmo assim, o comerciante João Batista diz temer a invasão dos índios na vila. Segundo ele, esta semana, as crianças deixaram de ir à escola com medo dos xavantes."A gente fica sem saber o que pode acontecer, porque hoje, na verdade, só os índios têm direito. O branco só tem obrigação de trabalhar e votar", reclama o goiano de São Miguel do Araguaia. "Vim pra cá em busca de perspectiva de trabalho e um pouco de conforto."
A tensão aumentou nas vilas depois que alguns índios, entre as 500 pessoas que estão voltando para sua terra, pegaram galinhas de um fazendeiro com propriedade dentro da reserva. A ação foi criticada pelo cacique da tribo, Damião, e pelo administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) Edson Beiriz. Segundo ele, os índios serão acompanhados de perto para que esse tipo de ação não se repita.
Beiriz lembra que os xavantes Marãwatsede passaram quase 40 anos em peregrinação, vivendo em condições precárias, depois de terem sido expulsos da região por usineiros e fazendeiros. Após a reocupação, muitos deles querem reaver toda a área rapidamente. Para auxiliá-los, a Funai pretende entrar com novas ações na Justiça. Tanto para reaver a terra como para conseguir indenizações pelos estragos cometidos ao meio ambiente.