Rio, 18/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - A ex-atriz de rádio-teatro Ilka Maria, que trabalhou durante 31 anos na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, disse que Pai Agenor (o professor de português e matemática Agenor Miranda Rocha) nunca teve uma "casa" (centro), mas sempre viajava para resolver os problemas de todas as casas de candomblé da Bahia." Ele era muito respeitado no Brasil e no exterior", afirmou. O babalaô morreu ontem, aos 96 anos, em Niterói, foi cremado hoje no Cemitério do Caju
A atriz e cantora Mariana de Moraes, neta do compositor Vinicius de Moraes, disse que tinha Agenor Miranda como um exemplo de ética, bondade, humor, inteligência e alegria. "Era uma pessoa rara, dessas que pouco se vê hoje em dia". Segundo ela, Agenor se tornou professor porque não queria cobrar nada como líder espiritual e não foi cantor porque achou que não daria viver financeiramente da profissão.
Para a antropóloga Patrícia de Aquino, o admirável em Agenor Miranda era a maneira de conciliar fé e racionalidade, que nunca foram coisas incompatíveis para ele. Atualmente morando na França, Patrícia disse que o líder espiritual contribuiu muito para a antropologia, sobretudo, por retratar todas as histórias e implantação dos terreiros no Brasil. "Os testemunhos dele são muito importantes pela vivência que ele teve com os descendentes dos africanos, como Mãe Aninha, que o iniciou, sendo uma história viva do que acontecia na época".