Campanha usa festival de rock em Brasília para alertar jovem sobre efeitos colaterais das drogas

17/07/2004 - 18h33

Paula Medeiros
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Por meio de uma parceria entre a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), a ONG Porão do Rock e o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e o Crime (Unodc) está sendo desenvolvida uma campanha de conscientização durante o festival Porão do Rock, que reúne 34 bandas entre hoje e amanhã em Brasília. O tema da campanha é "Ligue-se na música. Desligue-se das drogas". Trata-se de uma adaptação da campanha mundial desenvolvida pelo Unodc: "Turn on the music. Turn off the drugs".

Nos dois dias do festival, serão distribuídos 90 mil cartões postais que alertam sobre os efeitos das drogas mais difundidas entre os jovens como o ecstasy, a cocaína, a maconha, o álcool e o cigarro. Ao invés de frases imperativas contra as drogas, os postais explicam os efeitos que elas causam ao organismo, dão dicas para não potencializá-las e orientam os jovens a procurar ajuda de especialistas se quiserem se livrar do vício.

"Os governos e a sociedade já passaram por muitos momentos na luta contra as drogas, desde a tentativa de erradicação até a liberação total, como ocorreu em alguns países. Hoje, se concluiu que nós temos que buscar a melhor forma de lidar com isso", afirmou Paulina Duarte, diretora de Prevenção e Tratamento da Secretaria Nacional Antidrogas.

"O ideal é que o jovem não use drogas, porque não existe droga inócua, sempre há efeitos colaterais. Mas, se eles vão consumir, é melhor que sejam orientados, que tenham conhecimento para se proteger e que tenham informações precisas para decidir se realmente querem fazer o uso", explicou Paulina Duarte.

Segundo ela, a ação da secretaria durante um evento de rock representa a quebra de um paradigma, já que existe um consenso de que o ambiente para se falar sobre drogas deve ser sério e sóbrio. "Esse é o espaço do jovem, então vamos conversar com ele no seu ambiente, onde ele está", disse.

O tema da campanha contra as drogas se tornou inspiração para os artistas do grupo Picasso Não Pichava. O grupo, criado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, atente cerca de 900 crianças e jovens que vivem em situação de risco na periferia de Brasília. Eles são incentivados a trocar a pichação pelo grafite e ainda podem fazer oficinas de arte, dança e capoeira.

Durante o festival estão expostas 15 telas de ex-pichadores que hoje se dedicam à arte. "Pichação não é arte, é crime. Nós queremos mostrar aos jovens que o trabalho deles pode ter valor, pode ser reconhecido pela sociedade. E, além disso, estamos contribuindo com a campanha contra as drogas", disse César Campos, supervisor de campo do programa.

Festival

Os cariocas O Rappa e Marcelo D2, os paulistas CPM 22 e Korzuz, a brasiliense Rumbora e a norte-americana Peligro (liderada pelo ex-baterista do Dead Kennedys) são as principais atrações da sétima edição do Porão do Rock 2004, que promete reunir cerca de 70 mil pessoas neste sábado e domingo, no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. O evento conta com a apresentação de 33 bandas em um total de 20 horas de rock das mais variadas vertentes.

Além do entretenimento, o evento tem um papel social. O ingresso custa R$ 10 mas o público tem que doar dois quilos de alimentos não-perecíveis, para assistir ao show. Até mesmo os desavisados podem comprar no local os alimentos, que são vendidos a R$ 2,50 o quilo. A expectativa dos organizadores é de arrecadar mais de 30 toneladas nos dois dias de evento.

"Eu acho legal, ao invés de pagar um ingresso mais caro, a gente doa alimentos e ajuda as pessoas que precisam", disse a estudante Fernanda Lima, de 19 anos, que chegou cedo para não perder nenhum minuto dos shows. "Eu sabia que os portões só seriam abertos às 16h30, mas cheguei antes para ficar bem perto do palco", contou.

Menos de vinte minutos após o início do primeiro show, três pessoas já eram atendidas nos postos médicos por excesso de drogas ou de bebidas alcoólicas. A aglomeração de um grande número de jovens foi o que atraiu a atenção da Secretaria Nacional Anti-Drogas (Senad), que montou um estande próximo aos palcos. A idéia é aproveitar o momento em que os jovens estão mais expostos às drogas para alertá-los.