Instituto Socioambiental rebate críticas de sertanista da Funai

28/04/2004 - 20h18

Brasília, 28/04/2004 (Agência Brasil - ABr) - O filósofo Márcio Santilli, membro do conselho do Instituto Socioambiental (Isa), rebateu as críticas feitas pelo sertanista da Funai, Apoena Meirelles, ao apoio dado pela organização à criação de associações indígenas. "Essas associações têm sido apropriados pelos índios para fazer chegar suas reivindicações nos poderes públicos. É um movimento sadio, pelo qual as tribos assumem sua própria voz", defende Santilli.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Meirelles se disse contra às associações por duvidar da forma como elas intermediaram, nos últimos anos, as relações entre os índios e o restante da sociedade. Documentos apresentados pelos próprios garimpeiros mostram que, por meio das associações, os índios estabeleciam contratos permitindo a entrada na reserva, mediante pagamento e divisão dos minérios extraídos.

Para o conselheiro do Isa, a responsabilidade pela garimpagem ilegal não está restrita às associações. "Na década de 70, a própria Funai organizava o garimpo dentro de terras indígenas, como em Caiapó, no Pará. Essa prática institucional foi, de fato, superada. Mas até hoje existem denúncias de que funcionários da Funai facilitam a extração ilegal de minérios", rebate Santilli.

Segundo ele, atualmente, o Isa apóia tribos indígenas do Alto Rio Negro e Xingu, Não existem equipes do intituto atuando na tribo Cinta-Larga, em Rondônia. "Todo esse debate sobre Roosevelt e até mesmo sobre a Raposa Serra do Sol, em Roraima, já deveria estar superado", opina o filósfo. "Precisamos de uma nova agenda de discussão, voltada para a gestão das áreas indígenas e o desenvolvimento dos estados onde estão localizadas as reservas."