Gabriela Guerreiro e Nelson Motta
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Pela segunda vez desde que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à marcha que reuniu 2.500 prefeitos em Brasília para reivindicar soluções para os principais problemas dos municípios brasileiros. Em tom otimista, Lula reafirmou que o Brasil voltará a crescer este ano. Mas admitiu que em 2003 "esteve em situação quase de UTI".
"Hoje é um país que está com todas as condições para ter um crescimento, senão extraordinário, mas um crescimento que permita a gente acreditar que será um crescimento sustentável. E que crescerá mais o ano que vem, e independentemente de quem seja o presidente da República, continuará crescendo", enfatizou.
Lula chegou à VII Marcha à Brasília em Defesa dos Municípios prefeitos com mais de uma hora de atraso. Impacientes, os prefeitos inicialmente vaiaram o presidente. Mas depois que Lula assinou a Medida Provisória que beneficia os municípios com R$ 246 milhões para educação e transporte escolar rural, aplaudiram o residente.
"Eu quero que vocês meçam a nossa relação no final de quatro anos de mandato. Em sã consciência, todos vocês sabem que não podem exigir de mim aquilo que durante anos e anos não foi feito pelos municípios brasileiros. Mas ao mesmo tempo, vocês podem exigir de mim que a gente possa criar uma relação honesta, digna, respeitosa entre a federação e os municípios brasileiros", afirmou.
Aplaudido, Lula enfatizou que o Brasil não suporta mais promessas que não são cumpridas pelos governantes. Ele ressaltou que decidiu não instituir nenhum plano econômico durante o seu governo para conseguir atingir a meta de controlar a inflação e retomar o crescimento da economia. "O que fizermos de ruim pagaremos o preço muito caro não apenas de perder uma eleição, mas quem sabe de sermos lembrado a vida inteira pela coisa ruim que tenhamos feito no governo federal, estadual ou municipal", disse Lula.
Eleições Municipais
O presidente garantiu aos prefeitos que não vai se envolver nas eleições municipais marcadas para outubro deste ano. "O presidente da República, diz a boa política, não pode se meter nas eleições municipais desse país. Essa é a boa política. Então, vocês vão estar muito mais envolvidos do que eu, muito mais".
Lula admitiu que o governo federal terá dificuldades em implantar várias ações sob pena de ser acusado de estar favorecendo candidatos às prefeituras municipais. "Nós vamos ter um ano complicado. A partir de junho, tudo fica mais difícil. Qualquer convênio que a gente faça, vai ter problema. Qualquer investimento, vai ter exploração. Não podemos fazer muitos dos contratos a partir de junho. Muitas vezes o Congresso Nacional não vai funcionar com a totalidade dos seus deputados porque tem muitos que são candidatos", afirmou.
Os prefeitos reivindicam uma série de medidas para serem adotadas pelo governo federal para desafogar as contas municipais. Entre as quais o aumento dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios e uma parcela maior do Imposto sobre os Combustíveis. No total, os pedidos dos prefeitos chegam a mais de R$ 10 bilhões.
Diante de tantos pedidos, o presidente admitiu que poderá atender apenas a uma parte das solicitações. Mas deixou claro que, nos próximos quatro anos, os municípios estarão em melhores condições financeiras. "Governar é a arte de exercer o papel de pai ou mãe de uma quantidade de filhos maiores do que a gente. Porque somente uma mãe, ou somente um pai, enfrenta uma situação adversa qualquer e tem coragem de olhar no olho e dizer não vou te dar, você não merece, portanto você não vai ganhar. Na política, muitas vezes, se prefere o caminho fácil, de fazer as promessas que a gente já sabe antecipadamente que a gente não pode fazer. Mas a gente acha que o povo esquece. E nós queremos estabelecer com vocês uma outra lógica", afirmou.