Delegado da PF confirma encontros de Waldomiro Diniz com funcionários da Gtech em 2003

12/03/2004 - 19h27

Brasília - O delegado da Polícia Federal Antônio César Nunes confirmou que o ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz teve em Brasília três encontros com funcionários da Gtech no primeiro trimestre de 2003. A Gtech é uma empresa multinacional que fornece equipamentos para loterias no Brasil e em outros países.

Segundo Nunes, no primeiro encontro, Diniz levou o empresário Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para apresentá-lo a pessoas da empresa. O delegado disse não haver evidência de influência de Waldomiro Diniz na renegociação do contrato entre a Gtech e a Caixa Econômica Federal, realizada no início do ano passado.

Nesta sexta-feira, em um dos depoimentos mais longos, com sete horas de duração, César Nunes ouviu primeiro o ex-diretor de marketing da Gtech, Marcelo Rovai, e depois o ex-presidente da empresa, Antônio Carlos Lino Rocha. Segundo o delegado, as informações recebidas por ex-funcionários da Caixa Econômica e da Gtech são importantes. "Os depoimentos foram muito esclarecedores e efetivamente deram a posição de como os contratos foram feitos, como as negociações ocorreram", afirmou.

O delegado disse que a polícia vai examinar todos os documentos relativos ao contrato estabelecido no ano passado. "Vamos analisar como foi feita a renovação de 25 meses", explicou. César Nunes disse ainda que pedirá prorrogação do inquérito, cujo prazo termina no dia 18. "Não excluo nada. Estamos investigando. Vamos chegar a alguma conclusão no final do inquérito. Temos que investigar, ouvir todos os lados, colher as provas e ao final concluir", afirmou.

Caso seja comprovado que Diniz intermediou relação de Cachoeira para influir em ato de funcionário público, o ex-assessor poderá ser indiciado por tráfico de influência, pois já ocupava cargo no governo. E, se ficar provado que Diniz solicitou alguma vantagem para exercer essa intermediação, será corrupção passiva. "Se ele utilizou do cargo para auferir vantagem ou para influir, é crime", afirmou o delegado.

A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de envolvidos no caso, pedida antes do Carnaval pelo delegado, ainda não foi concedida. Com a transferência do processo para Brasília, o pedido poderá ter que ser refeito. "Se atrasou as investigações, que podemos fazer? Vamos aqui em Brasília requerer mais uma vez a quebra de sigilo, que é importante", ressaltou.

O jornalista Mino Pedrosa será ouvido na segunda-feira, às 17 horas, como testemunha. Ele teria assessorado Carlinhos Cachoeira na gravação das conversas entre Waldomiro Diniz e o empresário.