Funasa faz oficina para garantir e discutir saúde aos povos indígenas

06/02/2004 - 21h06

Lourival Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília, - O novo modelo de atendimento à saúde do índio, discutido esta semana em Brasília por técnicos da Fundação Nacional de Saúde- Funasa, Ministério da Saúde, representantes das comunidades indígenas e de Organizações Não Governamentais- ONGs, representa um grande avanço para melhorar os indicadores de atenção aos índios. E a grande novidade é o processo de supervisão e avaliação permanente para se corrigir falhas e detectar as responsabilidades de cada um dos envolvidos,onde os parceiros estarão atuando de forma complementar ao trabalho da Funasa. Esta é a avaliação do presidente da Funasa, Valdi Camarcio Bezerra, ao encerrar a 1a. Oficina Integrada de Saúde Indígena, que aconteceu durante a semana na Academia de Tênis de Brasília.

A opinião do Presidente da Funasa é compartilhada pela maioria dos participantes do encontro, que aprovou as novas diretrizes. A Coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena, do Conselho Nacional de Saúde, Zilda Arns, disse que as mudanças precisavam ser feitas para melhorar os serviços. "Tenho certeza de que todos aprovarão estas reformas de atenção á saúde indígena", disse Zilda Arns, que faz parte, também, da Pastoral da Criança, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.

Rosane Kaingang, diretora de Assistência Técnica da Fundação Nacional do Índio –Funai, acha que essas mudanças na Atenção à Saúde do Índio vão melhorar muito os serviços prestados pelos Estados, prefeituras e ONGs. "Uma coisa que a Funasa tem que ficar atenta é se os Conselhos de Saúde, os 34 Distritos Sanitários Especiais (DSEI) e os Coordenadores Regionais estão, de fato, discutindo e tirando propostas das lideranças indígenas de base". Rosane Kaingang disse que se isto acontecer teremos um excelente programa de atenção à saúde indígena.

Já o Cacique Pedrinho Serenhora, da tribo Xavante, do Mato Grosso, disse que só acredita nas novas mudanças quando estiver vendo o fruto do trabalho. "Por muitos anos se tem colocado promessas no papel e as ações não têm chegado às áreas indígenas e, então, fica difícil acreditar no governo. Mas esperamos que nessa mudança a Funasa possa, de fato, melhorar a atenção à saúde indígena" disse o cacique Xavante. Ele adiantou que a comunidade Xavante está participando junto com os técnicos da Funasa e das Ongs que atuam na região para que a saúde indígena possa funcionar como eles querem.

A presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Interior Sul, que abrange o interior sul de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Elenir Coáia, acha que o modelo de mudanças vai melhorar bastante o atendimento à saúde do índio, porque a contratação de recursos humanos, que estava sob a responsabilidade das prefeituras, era um processo desastroso. "Os municípios agem de forma politiqueira, contratam pessoas que não são profissionais com o perfil para trabalhar com a questão indígena", finalizou Coáia.

Valdi Camarcio Bezerra, informou que a Funasa vai repassar mensalmente os recursos dos convênios de parcerias, para que não haja descontinuidade na prestação dos serviços de atendimento à atenção da saúde indígena. Ele adiantou que o Ministério da Saúde está elaborando um Projeto de Lei, que o Presidente Lula encaminhará ao Congresso Nacional, permitindo a contratação de profissionais para trabalhar em áreas de difícil acesso no atendimento à saúde do índio. E o Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Gastão Wagner de Souza Campos, disse que a saúde indígena é uma das áreas prioritárias para o Governo Federal este ano. "Tanto que aumentou em 30% o orçamento para a saúde indígena, passando de R$ 126 milhões em 2003, para R$ 164,5 milhões em 2004.