Evelyn Trindade
Repórter da Agência Brasil
Rio, - Em sua última eleição do ano, realizada hoje, a Academia Brasileira de Letras elegeu o senador e ex-vice-presidente da República Marco Maciel para a Cadeira n.39, que pertenceu ao jornalista Roberto Marinho, morto este ano. Maciel recebeu 28 votos, resultado que o deixou surpreso. "Não esperava tanta coisa", disse eufórico.
"Digo sempre que para o homem público nada que é humano, lhe deve ser estranho. Para o político todas as manifestações são importantes.
Marco Maciel disse que na sua vida acadêmica estará comprometido em fazer a ponte entre cultura e política, sobretudo com relação a literatura. "A mais importante expressão de uma nação é justamente a sua expressão cultural. São Tomás de Aquino já dizia: o homem é plenamente humano graças a sua cultura. Portanto, considero fundamental dar logo a formação do jovem o conhecimento da cultura brasileira."
Sobre o interesse de ingressar na Academia, Maciel disse que era algo inimaginável. Mas os convites insistentes de amigos como João Cabral de Mello Neto, Evanildo Bechara, Ariano Suassuna e Marcos Villaça, o incentivaram. Após uma conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que negou o interesse pela vaga de Roberto Marinho, ele resolveu se candidatar. "Poderemos exercitar um convívio muito importante, e acho que meu primeiro instante é mais de ouvir, sou todo ouvidos nesse momento. Isso pode adensar a visão dos problemas do país."
Para o imortal e presidente eleito da ABL, Ivan Junqueira, a eleição de Marco Maciel é um grande ganho para a instituição. Ele discorda daqueles que atribuem um caráter político à vitória do senador. "Estamos seguindo o conceito de Joaquim Nabuco, de que a Academia não seria apenas um lugar de escritores , mas também uma academia de notáveis". Segundo ele, qualquer cidadão que se destacar em um determinado segmento da vida nacional poderá ser eleito para a ABL sem que isso contrarie os princípios da casa.
O candidato derrotado, o jornalista Fernando Morais, que obteve nove votos, ficou muito decepcionado com o resultado e disse que não esperava números tão desiguais. Ele disse que não pretende se candidatar novamente. Ivan Junqueira tentou justificar os números dizendo qe que o jornalista chegou tarde demais, quando já havia um consenso em torno do nome de Maciel, que tem três livros e mais de cinqüenta artigos publicados