Brasília, 29/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo está discutindo com a iniciativa privada um programa de produção de álcool, o Pró-cana, para atender mercados como o japonês, interessado em importar o produto do Brasil.
Ao dar a informação, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, disse que "será um novo modelo de produção de cana para açúcar e para álcool, que dê sustentabilidade à cadeia produtiva do setor".
Já existe um projeto em estudo, com financiamento do Banco Japonês de Cooperação Internacional e a iniciativa privada brasileira. Os japoneses poderão importar, inicialmente, até 1,8 bilhão de litros de álcool combustível. Mas isto, conforme o ministro, requer investimentos para não prejudicar a produção de açúcar.
O ministro disse que os 1,8 bilhão de litros de álcool que os japoneses pretendem misturar à sua gasolina, como forma de diminuir a emissão de gás carbônico na atmosfera, correspondem a 15% da produção brasileira. "O Brasil tem uma capacidade instalada para 16 bilhões de litros e produz pouco mais de 13 bilhões", informou.
Segundo Roberto Rodrigues, o parque usineiro já está pronto e atenderia os japoneses com facilidade. "O problema é que teríamos de destinar a cana de açúcar para o álcool. Isto significa produzir menos açúcar e isto poderia significar perda nas exportações, portanto uma perspectiva não muito interessante para os produtores".
Hoje, durante uma reunião com os senadores japoneses, Junitchi Fukumoto e Tsutomu Yamazaki, que vieram ao Brasil conhecer o processo de produção do álcool combustível nacional, o ministro sugeriu mais investimentos do Japão na atividade produtiva de cana-de-açúcar em regiões que não são tradicionalmente produtoras. "O Brasil tem uma área em torno de 5,5 milhões de hectares e seria muito fácil amplia-la para atender a demanda japonesa. Um hectare de cana-de açúcar produz sete mil litros de álcool. Com um pouco mais de 250 mil hectares supriríamos a necessidade do Japão".
O ministro sugeriu além de um trabalho em conjunto, que uma delegação brasileira vá ao Japão para explicar os benefícios do álcool, principalmente para o meio ambiente. "Além de ser um produto menos poluente, a cana-de-açúcar também seqüestra C02 da atmosfera. Nas duas pontas o Japão estaria investindo".
Os senadores japoneses prometeram levar o assunto para estudos, mas já anteciparam que poderão fazer um investimento securitizado. "Eles nos finaciariam, com a garantia de receberem o produto, com suprimento de longo prazo, preços e custos definidos.