Recife, 15/7/2003 (Agência Brasil – ABr) – A medicina não é o único modo de combater a dor. Essa foi uma das principais lições transmitidas pelo médico e professor titular da Univresidade de São Paulo (USP), Sérgio Henrique Ferreira, em sua palestra, hoje, em Recife, na 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ferreira surpreendeu o público com seu discurso, na conferência que trazia o tema "Tentando entender as bases moleculares da dor inflamatória".

A aula técnica sobre proteína G, ativação de canais de sódio, sensibilizadores e incentivadores de neurônios, e transmissão de potássio entre as moléculas não chegou a empolgar parte da platéia leiga, mas suas receitas para aliviar dores foram um sucesso. "Sentir dor é desnecessário e, em muitos casos, ela pode ser superada com tratamentos alternativos de fisioterapia, técnicas de relaxamento e massagens", ensinou.

A afirmação do médico desencadeou uma série de perguntas sobre enxaqueca, cólicas, dores musculares e outras tantas dores que, no passado, incomodaram o público presente. Para cada pergunta, Ferreira tinha uma resposta esclarecedora. Quanto à dor de cabeça, ele disse: "enxaqueca pode ser um sintoma de várias disfunções, mas não tem nada a ver com inflamação". Quando lhe perguntaram sobre analgésicos, ele alertou para a importância do uso correto. "Os analgésicos reduzem os sintomas dos sinais, mas não combatem a causa da infecção. Analgésico não é bala, tem que saber a hora certa de tomá-lo", recomendou.

De forma didática, Ferreira explicou que o analgésico reduz a corrente de cálcio e de potássio nas células, atuando como um sonífero que as mantêm "dormindo" em caso de dor. Quando a célula se vicia no efeito sonífero do analgésico, a conseqüência é a falta de repouso da célula. Segundo ele, respirar algumas vezes, de forma lenta e profunda, permite o relaxamento de todo o corpo e é um excelente medicamento natural para aliviar dores não-inflamatórias.