Brasília, 15/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A fusão da TAM e da Varig vai absorver o débito do Aeros, o fundo de pensão fechado dos funcionários da Varig. O professor de economia da Unicamp e consultor do Banco Fator, que coordena a fusão, Luciano Coutinho, disse hoje, na reunião com deputados da bancada gaúcha na Câmara que avaliam a fusão, que essa é uma maneira de facilitar as negociações.
"É um valor substancial, que não posso revelar por motivos de contrato. Mas a nova empresa vai preservar os direitos dos integrantes do Aeros", afirmou Coutinho. Ele afirmou, entretanto, que as as dívidas trabalhistas com os funcionários não serão assumidas. Segundo o consultor, haverá uma negociação com os trabalhadores da Varig.
Esse é um dos pontos mais polêmicos da fusão, que atualmente está sob judice, depois que uma liminar foi concedida à Fundação Rubem Berta, que controla a Varig. "Nós acreditamos que, como sempre, os funcionários vão ficar na mão. Salvar o Aeros só resolve metade do problema", disse o vice-presidente da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), comandante Márcio Kasper Marsillac.
Ele afirma que a Apvar apresentou uma alternativa ao plano de fusão, mas que esse projeto não foi analisado. "Fusões e monopólios, como ocorrerá com a Varig e Tam, de grandes empresas aéreas tem se mostrado ineficientes e até perigosas para os passageiros em todo o mundo", afirmou o comandante.
Coutinho contesta que haja um monopólio e afirma que a nova empresa não terá mais que 65% do mercado e que as outras empresas áreas, Gol e Vasp, têm uma grande capacidade de concorrência. "Temos que lembrar que a fusão trará grandes economias de escala e de custos administrativos, o que permitirá até a queda do preço das passagens", disse.
Outro ponto polêmico são as demissões. Uma estimativa de Coutinho, considerada excessivamente otimista pelos adversários da reforma, aponta cinco mil. Segundo o consultor, um plano de demissão será instalado e todos os direitos serão respeitados. Para Kasper essas demissões podem significar queda na qualidade dos serviços e até uma ameaça a segurança dos passageiros.
Muitos parlamentares nãoram convencidos pelos argumentos de Coutinho. O deputado Alceu Colares (PDT – RS), classificou a fusão com a Tam como um "crime" que será cometido contra a Varig, que seria uma das mais conceituadas empresas de aviação do mundo. "Não entendo porque propostas alternativas à fusão não estão sendo analisadas ou porque as dívidas trabalhistas com os funcionários da Varig não estão recebendo a devida atenção", concluiu o deputado.