Famílias cadastradas em programas sociais precisam gerar renda, diz Frei Betto

15/07/2003 - 19h48

Rio, 15/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O assessor especial da Presidência da República Frei Betto afirmou hoje que, para acabar com a fome no país, é preciso fazer com que as famílias cadastradas tenham condições de gerar renda. Por isso, disse ele, os cartões alimentação distribuídos no Programa Fome Zero têm validade de seis meses e são renováveis por período igual. "Nós não queremos fazer uma grande mendicância alimentícia", afirmou Frei Betto, explicando que o programa chega ao município com outras ações de políticas públicas e lembrando que é necessário garantir o abastecimento de água.

Frei Betto lembrou que o programa fez um acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) para a liberação dos recursos que serão aplicados na construção de 10 mil cisternas. Além disso, o governo vai construir mais 12 mil, e outras parcerias estão sendo formalizadas para a construção de outras mais. "O projeto é construir 1 milhão de cisternas de placas. A iniciativa privada tem sido excelente parceira", acrescentou o assessor presidencial.

Para ele, embora os programas de combate à Aids sejam importantes, a fome, atualmente, mata mais do que essa doença. Por isso, ele acha que o combate à fome precisa de mais recursos e de participação maior da sociedade. "Por que não há campanhas contra a fome? Por uma razão, infelizmente, cínica. Porque nós, os bem nutridos, sabemos que a Aids não faz distinção de classe, e a fome faz. É como se disséssemos: se os pobres morrem de fome, isso não me atinge. Nós é que não podemos morrer de Aids", afirmou. Segundo Frei Betto, a cada três segundos, uma criança morre de fome no mundo. Para ele, no Brasil e no mundo, a fome só vai acabar se se transformar em fato político." Enquanto for apenas uma questão social, vai continuar sendo multiplicada", concluiu.