Líderes do Governo usam boné da UNE na posse do novo dirigente da entidade

09/07/2003 - 21h20

Brasília, 9/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O boné, definitivamente, entrou na moda das passarelas oficiais da capital Federal depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou um do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), durante audiência no Palácio do
Planalto. Hoje, o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), e
lideranças do Governo e do PT usaram o boné da União Nacional dos Estudantes (UNE), na cerimônia de posse do novo presidente da entidade, Gustavo Petta. João Paulo ainda brincou com o episódio do boné do MST ao encontrar dificuldades para colocar o seu: "o boné fica melhor na cabeça do presidente Lula, que tem uma anatomia mais adequada".

Mais do que uma peça decorativa, os bonés começam a tomar a forma de símbolo da participação dos movimentos sociais nas mudanças prometidas pelo Governo Lula. Pelo menos, no entender do novo presidente da UNE, que prepara um projeto a ser apresentado ao presidente para que os movimentos sociais possam estabelecer uma parceria com o Executivo e promover as mudanças sociais prometidas pelo governo. O objetivo de Gustavo Petta é fazer com que os
estudantes universitários integrem-se num amplo projeto de alfabetização nas regiões mais carentes.

Amanhã, ele reúne-se com o ministro da Educação, Cristovam Buarque, para discutir a alfabetização de sete mil pessoas do município pernambucano de Kanari. Detalhe: a cidade tem 13 mil habitantes. O projeto nacional, de acordo com Gustavo Petta, será apresentado ao presidente Lula após sua viagem à Europa.

Em Kanari, a UNE estabelecerá uma parceria com o MEC e a Secretaria de Educação de Pernambuco para que os universitários comecem, em setembro, o processo de alfabetização.

"O Brasil vive um momento político importante. O nosso objetivo é manter um diálogo constante com o governo para que a UNE possa contribuir no projeto de mudanças do presidente Lula", disse Petta. Acrescentou que a entidade vive um novo momento em que deve aliar a combatividade histórica ao compromisso de encontrar soluções e alternativas para melhorar o quadro social do país.

O projeto da UNE de integração dos universitários em programas sociais do governo não se limita à educação. A UNE quer estendê-lo também às ações ligadas ao desenvolvimento do esporte e de medicina preventiva. "Os estudantes precisam arregaçar as mangas para ir aos bolsões de pobreza e ajudar nas mudanças sociais", defendeu o presidente da entidade.

No que depender de um ex-presidente da UNE que hoje estava na cerimônia como ministro interino do Meio Ambiente, Claudio Langone, os universitários também desenvolverão este projeto no âmbito de sua pasta. "Vamos chamar a UNE para discutir a formação profissional na área do meio ambiente", revelou. O ministro interino disse que os universitários estão muito mais voltados para ações diretas junto à população do que quando presidiu a UNE, entre 1989 e 1991.

Já o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB), outro nordestino, que como Lula fez carreira política em São Paulo, também encontrou dificuldades para usar o seu boné. Precisou alargá-lo um pouquinho para que coubesse em sua "cabeça de nordestino". Outro ex-dirigente da UNE, Rebelo não escondeu a emoção de participar da cerimônia, especialmente porque aconteceu na Câmara dos Deputados. "Muitas vezes, quando presidia a UNE na década de 80, minha entrada neste prédio foi proibida, como, também, em outros prédios públicos", lembrou.