Genro: governo está aberto a novas propostas, menos para mudar núcleo da reforma da Previdência

09/07/2003 - 21h42

Lisboa (Portugal), 9/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O secretário de Desenvolvimento Econômico Social, ministro Tarso Genro, afirmou em Lisboa, na chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, que a essência das reformas previdenciária e tributária será mantida. Segundo ele, o governo está aberto a conversar sobre as propostas que estão sendo incorporadas e avaliadas. "O que o presidente Lula salientou nas 5 horas de conversa durante o vôo do Brasil para Portugal é que a posição do governo é a posição de que, se as reformas não mantiverem o seu cerne, o seu centro, elas não cumprem a função que tem de cumprir para o futuro do país", declarou Tarso Genro.

Para o ministro, a visão estrutural das reformas devem ter efeito fiscal, distributivo, e de combate aos privilégios, que é o cerne da proposta de governo. "A questão do teto, da contribuição dos aposentados, relacionada com a elevação do teto de regime geral, é fundamental", afirmou o ministro.

A conversa sobre as reformas teve a participação do presidente Lula, dos ministros Tarso Genro, André Singer, dos governadores Cássio Cunha Lima (PA) e Ronaldo Lessa (AL).

De acordo com Tarso Genro, a posição do governo não sofreu nenhum recuo. O governador Lessa, segundo Genro, falou da situação fiscal do estado dele, apresentando quadro absolutamente dramático. "Que as reformas constituem o espaço de recuperação financeira do estado, isto é positivo. Tanto a reforma fiscal como a reforma tributária", disse.

O presidente Lula afirmou que o Congresso Nacional é um espaço positivo de negociação e que "nossas bancadas tem contradições, assim como as adversárias". Segundo o ministro, o presidente disse que o governo vai ouvir e interferir nas negociações, já que o parlamento é um espaço autônomo. Mas, os pontos fundamentais da reforma, que busquem efeitos distributivos, de sanidade fiscal, da previdência e efeitos de combate aos privilégios, o governo vai manter. "Essa é a essência da transição que estamos fazendo", afirma Tarso Genro.

Ao ser indagado pelos jornalistas sobre a greve dos servidores públicos federais, o ministro Tarso Genro negou que tenha sido a paralisação, realizada em Brasília nesta terça-feira, o motivo que levou o governo a rever suas posições. "Eu, como prefeito, tive algumas greves. Não é nenhuma novidade para o PT estes movimentos. O governo tem uma posição de respeito ao direito de greve e a greve não altera o ânimo do governo de aprovar as reformas. Nem o ânimo para negociar aquilo que for possível", concluiu Tarso Genero. (Lívia Veiga, Nádia Faggiani)