Com a queda do IPCA economistas acreditam em redução da Selic no próximo Copom

09/07/2003 - 15h10

Rio,9/7/2003(Agencia Brasil-ABR) – A deflação de 0,15%, registrada no Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, a primeira desde novembro de 1998, é para os economistas do Rio de Janeiro mais um sinal de que a tendência declinante dos juros terá prosseguimento na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).

Para a chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Firjan, Luciana Marques de Sá, todos os sinais são de que a política monetária austera adotada pelo governo está surtindo os efeitos desejados e esperados, entre os quais a desaceleração da inflação. Ela avaliou que o BC deverá, no entanto, ser conservador. "Ele precisa mesmo ser cauteloso para não errar na mão" e acelerar demasiado a economia, disse. Nesse quadro, estimou que reduzindo a taxa Selic em 1 ponto percentual ao mês, dará para chegar em dezembro deste ano com uma taxa de 20%/ano, conforme previsão feita ontem pelo Ministro da Fazenda, Antonio Palocci,em Brasília, durante encontro com líderes dos partidos que apóiam o governo.

Há um consenso no sentido da redução dos juros, acrescentou o Vice-Presidente do Conselho de Política Econômica da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Alberto Furuguem, ex-diretor do BC. Conforme avaliou, todos os índices de preços estão mostrando que a inflação está controlada, tanto em nível de atacado como em relação aos preços ao consumidor, o que sinaliza para uma nova diminuição da taxa básica Selic.

Furuguem mostrou-se mais otimista. Arriscou o palpite de que uma redução de até 2 pontos percentuais seria perfeitamente viável. Com isso, a taxa Selic cairia de 26% ao ano para 24% ao ano, o que ainda seria muito alto, tendo em vista que a média da inflação nos últimos 2 a 3 meses está abaixo de 10%. Ele afirmou que uma queda entre 1,5 ponto percentual e 2 pontos percentuais seria bem aceita e serviria para demonstrar que o governo tem a inflação sob controle.

Na análise, porém, do economista Adhemar Mineiro, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Economicos do Rio de Janeiro(DIEESE/RJ), já havia margem anteriormente à deflação do IPCA para que os juros fossem reduzidos. Ele esclareceu que os índices de inflação mais elevados resultaram mais da corrida do dólar, observada no final de 2002, do que de qualquer pressão da demanda que, áquela época, já estava desaquecida.

O economista explicou que os juros poderiam ser utilizados como elemento para reduzir a inflação, caso esta fosse causada por aumento da demanda, o que não ocorreu. Ressaltou, ainda, que o grande motor dos reajustes de preços, como acontece atualmente em relação às tarifas de energia e telecomunicações, está relacionado ao Índice Geral de Preços do Mercado(IGP-M), que é aquele que mais recebe impacto da variação do dólar, e não ao IPCA.

Adhemar Mineiro disse que há espaço para o Copom baixar a taxa básica de juros em sua próxima reunião em mais de 1 ponto percentual, mas acredita que a redução será lenta.