Brasília, 2/5/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo federal e a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) vão desenvolver ações conjuntas para aprimorar a produção pecuária dos agricultores familiares e assentados do semi-árido de Minas Gerais. A iniciativa pretende aumentar o emprego, a renda e a sustentabilidade desses produtores por meio da incorporação de novas tecnologias e do apoio ao cooperativismo. Para isso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, firma uma proposta de cooperação técnica com a ABCZ amanhã (3), em Uberaba (MG), durante a 69ª Exposição Internacional de Gado Zebu, no Parque Fernando Costa.
Depois o documento será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que abrirá a ExpoZebu 2003, pela manhã. A cooperação surgiu da iniciativa da ABCZ, que convidou órgãos federais e estaduais para participarem da parceria. As ações envolvem também os Ministérios da Agricultura e da Segurança Alimentar e Combate à Fome (Mesa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão (Emater) de Minas Gerais.
As ações integradas do acordo prevêem o aumento da produção de bezerros de qualidade, da pecuária leiteira e do potencial produtivo do rebanho, por meio da melhoria da cadeia produtiva da pecuária de corte da região. Devem ser implementados, ainda, programas de integração agricultura-pecuária, manejo adequado do solo e dos recursos hídricos, nutrição, melhoramento genético e sanidade animal, rastreabilidade (técnicas que permitem identificar a origem do animal abatido), formação e recuperação de pastagens.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) deverá apoiar a organização dos agricultores, juntamente com a Emater, para a produção e venda cooperativada. Também deverá dar apoio direto à capacitação dos agricultores familiares nas técnicas de manejo, inseminação artificial, entre outras. Além disso, a Secretaria de Agricultura Familiar do MDA está elaborando uma linha de crédito específica para beneficiar os produtores familiares de pecuária bovina. Em fase de negociação, essa linha está prevista para o próximo plano de safra 2003/2004, que tem início em julho.
"Poderemos desenvolver o potencial produtivo dos agricultores do semi-árido mineiro, que têm limitações técnicas e dificuldades de manejo", afirmou o gerente de projetos da Secretaria de Agricultura Familiar, Aloísio Melo. "Os agricultores poderão aumentar a sua participação no mercado regional com a produção de leite e, principalmente, no incremento da pecuária de corte, com a produção de bezerros de melhor qualidade."
O semi-árido de Minas Gerais concentra a maioria dos agricultores de baixa renda do estado, com dificuldades de acesso às técnicas de produção. Mesmo assim, a região possui 20% do rebanho bovino, sendo 11,5% dos agricultores familiares. Na região, cerca de 55 mil produtores como esses estão voltados à produção de bezerros de corte e à produção conjunta de leite e corte. Esses agricultores detêm, em média, 22 matrizes cada, totalizando 1,2 milhão de matrizes e 2,3 milhões de cabeças. Os dados são da Emater. O semi-árido mineiro inclui o Norte do estado, o Vale do Jequitinhonha e o Vale do Mucuri.
A ABCZ vai viabilizar a doação de material genético, suporte técnico e capacitação da equipe, apoio aos processos de rastreabilidade, abate, controle zootécnico e melhoramento genético, orientação para o melhoramento genético, além de articular a participação de outras associações. A Emater vai identificar as áreas e grupos de agricultores que integrarão o projeto, prestar assistência técnica continuada, além de disponibilizar tecnologia e material genético aos agricultores familiares e assentados do semi-árido mineiro. A Embrapa vai realizar pesquisas sobre as necessidades e demandas da agricultura familiar da região e realizar diagnósticos participativos.
O Ministério da Agricultura vai apoiar as seguintes ações: formação dos agricultores em cooperativismo/associativismo, projetos de infra-estrutura, de sanidade e de rastreabilidade animal, sistemas de produção e distribuição de sementes. Deverá, também, articular as organizações associativas da região. O Ministério da Segurança Alimentar vai atuar na Expansão do Cartão-Alimentação para o semi-árido mineiro, além de direcionar recursos para investimentos em infra-estrutura e compra de alimentos para agricultores familiares da região.
Alem do ministro Miguel Rossetto e do presidente da ABCZ, José Olavo Borges Mendes, também assinam o documento os ministros da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva, da Agricultura, Roberto Rodrigues, o presidente da Embrapa, Cleyton Campanhola, o secretário de Agricultura de Minas Gerais, Odelmo Leão Carneiro Sobrinho, e o presidente da Emater de Minas Gerais, José Silva Soares.