Brasília, 31/03/2003 (Agência Brasil - ABr) - A sede do governo brasileiro, tradicionalmente utilizada para cerimônias formais de grande impacto político e econômico no país, foi transformada hoje em um templo evangélico. O Salão Leste do Palácio do Planalto foi palco de um rápido culto de louvor e oração pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A agenda do presidente previa apenas uma audiência com representantes das Convenções Evangélicas Brasileiras, mas o presidente foi surpreendido com uma oração de 40 pastores e bispos de igrejas protestantes no país.
"Lula é o presidente dos evangélicos. Temos que cobri-lo com as nossas orações", disse o pastor Doriel de Oliveira, presidente da Igreja Evangélica Catedral da Benção, que conduziu a oração. Os evangélicos pediram proteção para o presidente e sua família, e a benção do Senhor sobre o presidente no seu empenho pelo fim da exclusão social no Brasil. "Abençoa o presidente, a sua família e este trabalho que será feito aos pobres desta nação. Dai a sua benção a esse homem, em nome de Jesus", disse o pastor.
O presidente reiterou sua posição de crente em Deus e os evangélicos responderam com expressões de louvor como "Amém", "Glória a Deus", "Aleluia". O discurso, no entanto, não se resumiu a questões de fé. O presidente garantiu que, em seu governo, todas as religiões serão respeitadas e que todos os cidadãos, crentes ou não em Deus, serão tratados como seres humanos. "Quero acabar com o preconceito no Brasil. Preconceito a gente não quebra com palavras, quebra com gestos. O primeiro, eu já quebrei: uma pessoa que veio de onde eu vim, ser presidente. Depois disso, tudo fica mais fácil. Nesse governo não haverá discriminação, vergonha de conversar com evangélicos", disse.
O presidente lembrou que, durante a campanha à Presidência da República, pediu o apoio de 40 milhões de evangélicos em todo o país. "Não foram poucos os candidatos, ao longo da história, que vocês apoiaram. E não foram poucos os que, depois de eleitos, tinham vergonha de aparecer ao lado de vocês em foto. Vamos mudar isso", garantiu. Lula lembrou, também, que na campanha sofreu falsas acusações de que acabaria com as igrejas evangélicas tão logo fosse empossado.
"Quantas vezes tive de responder as críticas de que, se o Lula ganhasse, as igrejas evangélicas seriam fechadas? Eu nunca tive medo, porque creio em Deus. Agora, Deus me deu a chance de provar quem falava a verdade", ressaltou.
A ministra de Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, evangélica declarada, participou do encontro e foi designada pelo presidente como a "porta-voz" dos evangélicos no governo. "Façam pressão na Benedita, para ela me cobrar (sua participação em eventos evangélicos). A pressão, em alguns casos, é um bem necessário", disse. Após a audiência, o presidente foi cercado pelos evangélicos, posou para fotos e conversou por cerca de 15 minutos com os representantes das igrejas protestantes. Gabriela Guerreiro e