Brasília, 5/12/2002 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O presidente do Paraguai, Luis González Macchi, será submetido a um julgamento político, no qual responderá a cinco acusações de corrupção e má administração, correndo o risco de sofrer "impeachment". A medida foi aprovada hoje pela Câmara dos Deputados paraguaia. As informações são da CNN.
A abertura do processo foi aprovada por 50 dos 61 deputados presentes na sessão; 11 abstiveram-se. Logo após o anúncio do resultado da votação, começaram a circular rumores de que González Macchi, que se encontra em Brasília participando de uma reunião de presidentes dos países que integram o Mercosul, estaria se preparando para renunciar ao cargo.
O porta-voz oficial da Presidência paraguaia, Osvaldo Bergonzi, apressou-se em afastar os boatos. "O presidente não vai renunciar", disse. "Essa é uma bola de rumores, que aproveitam a presença dele no Mercosul para alterar toda a ordem no país". Na ausência de González Macchi, a presidência paraguaia é exercida pelo titular do Congresso, o senador Juan Carlos Galaverna.
A vice-presidência está vaga desde a renúncia do oposicionista Julio César Franco, que se afastou do cargo em outubro para poder disputar a sucessão presidencial em 27 de abril. As acusações contra González Macchi foram propostas pelo deputado de oposição Blas Llano e ganharam o apoio de facções dissidentes do Partido Colorado, de situação.
O presidente é acusado especificamente de usar um veículo roubado no Brasil como automóvel oficial, desviar fundos de bancos privados sob intervenção do Estado, malversação de fundos da presidência, fraude em um processo frustrado de privatização e má administração. A Câmara nomeou quatro deputados para estudar e redigir a acusação oficial, que terá que ser apresentada ao Senado até o próximo dia 20, quando começa o recesso parlamentar.
A Constituição do Paraguai determina que as acusações sejam avaliadas pelo Senado, que atua como juiz. Para que González Macchi seja destituído, são necessários os votos de 30 dos 45 membros da Casa. O presidente já havia conseguido impedir seis vezes a redação de um processo de julgamento político, graças à união de seus aliados na Câmara dos Deputados.
González Macchi assumiu o governo em março de 1999, logo após o assassinato do vice-presidente, Luís María Argaña, e da renúncia do então presidente Raúl Cubas, suspeito de envolvimento no crime.