Graça Lima: negociações entre Mercosul-UE podem terminar até 2003

24/02/2002 - 11h15

Brasília, 24 (Agência Brasil - ABr) - O subsecretário-geral de Assuntos de Integração Econômica e Comércio Exterior do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima, afirmou, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, que é provável que as negociações para o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Européia (UE) terminem até o final de 2003. Isto significa que, considerando o processo de ratificação, o acordo de livre comércio poderá entrar em vigor em dezembro de 2004.
Graça Lima disse que, apesar de as negociações comerciais entre Mercosul e UE não terem um prazo para serem concluídas, elas devem avançar mais rapidamente do que as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Segundo ele, isso servirá como um instrumento de pressão nas negociações da Alca, cuja implantação está prevista para janeiro de 2006. Ele lembrou que, enquanto as conversas entre Mercosul-UE estão em andamento, os métodos e modalidades das negociações para a criação da Alca só serão definidos em abril deste ano e as negociações propriamente ditas não começarão antes de maio.
A próxima reunião do Comitê Birregional de Negociações Mercosul-UE começa dia oito de abril. Graça Lima disse que, nessa rodada, devem surgir ofertas "mais ambiciosas" dos dois blocos, que já apresentaram propostas de redução tarifária e acesso a mercados. Na questão tarifária, o objetivo é eliminar todas as tarifas em um prazo de cerca de 10 anos, disse o embaixador, acrescentando que o acordo é importante porque aumenta o intercâmbio comercial entre os países membros dos dois blocos e reforça a união aduaneira do Mercosul.
Graça Lima também abordou as negociações multilaterais dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). A nova rodada, lançada durante 4ª Reunião Ministerial da OMC, realizada em novembro, na cidade de Doha (Catar), discutirá temas como agricultura, antidumping, propriedade intelectual relacionada ao comércio, acesso a mercados e investimentos, cujas discussões serão presididas pelo representante permanente do Brasil junto à ONU em Genebra (Suíça), embaixador Luiz Felipe de Seixas Côrrea. (Igor Marx)