Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma operação policial no Morro da Mangueira hoje (28) resultou na morte de pelo menos três pessoas e no incêndio de três ônibus nas ruas próximas à favela, na zona norte da cidade. Entre os mortos, está um suspeito de ser o chefe do tráfico de drogas na comunidade. Os três homens teriam morrido em confronto com a polícia, segundo informações dos próprios policiais. Como represália pela morte dos suspeitos, dois ônibus foram queimados pela manhã, nas ruas de Benfica, nas proximidades do Morro da Mangueira. À tarde, um terceiro coletivo foi incendiado na Avenida Radial Oeste, uma das principais vias de ligação do subúrbio ao centro da cidade.Em outra operação, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar ocuparam os Morros São João, no Engenho Novo, e dos Macacos, em Vila Isabel. São João e Macacos são favelas próximas, dominadas por facções criminosas rivais que brigam entre si desde o ano passado, pelo controle da venda de drogas na área.
Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O dólar encerrou hoje(28) com queda de 2,65% em relação à véspera, cotado a R$ 2,273 paracompra e R$ 2,275 para venda. Foi o terceiro dia seguido dedesvalorização da moeda norte-americana no mercado cambial brasileiro,só que hoje a queda foi mais significativa.A moedanorte-americana já dava sinais de leve redução da cotação na parte damanhã, ao contrário das bolsas de valores, que abriram em alta,principalmente na Europa, onde o euro também está em fase devalorização em relação ao dólar.A tendência, que já era debaixa no início do pregão, aumentou mais ainda com o leilão de venda àvista de dólares, realizado pelo Banco Central no começo da tarde. Masa autoridade monetária não revela quanto colocou no mercado, quando setrata de saída efetiva das reservas internacionais.A redução dacotação do dólar ficou ainda mais forte quando o BC anunciou que vaifazer três leilões, amanhã (29), para venda da moeda americana,conjugada com recompra futura no mercado interbancário de câmbio.OBC receberá as propostas das instituições credenciadas a operarem comcâmbio (“dealers”) entre 11h30 e 12h, e a base de cálculo para fixar astaxas de compra futura será a cotação do dólar no boletim das 11h.A liquidação das operações de venda acontecerá na próxima segunda-feira (2), e as liqüidações de compra pelo BC estão previstas para 1º de abril, 4 de maio e 1º de julho deste ano. O resultado dos leilões será divulgado ainda nesta quinta-feira.
Carolina Pimentel e Luciana Lima
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu incluir mais famílias parareceber o benefício variável do Bolsa Família, equivalente a R$ 20mensais. Ele aumentou de R$ 120 para R$ 137 o teto da renda mensal percapita da família, desde que com crianças e adolescentes de até 15 anosde idade.De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,as famílias podem ganhar até R$ 60 de benefício variável. A decisão foitomada hoje (28) em reunião do presidente Lula com o ministro PatrusAnanias, no Palácio do Planalto, também com a presença dos ministros doPlanejamento, Paulo Bernardo, e da Fazenda, Guido Mantega, e técnicos daárea econômica.
Amanda Cieglinski
Enviada Especial
Belém - Durante aabertura das atividade do Fórum Sindical Mundial hoje (28), em Belém, osecretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, afirmou que aatual crise não é dos bancos ou de algumas empresas. O que“desmoronou”, segundo ele, foi o neoliberalismo. O evento faz parte daprogramação do Fórum Social Mundial. Ao lado de representantes desindicatos, Dulci disse que não é necessário precarizar o trabalho ereduzir empregos para enfrentar a crise. “Nós acreditamos que épossível evitar demissões com criatividade, com diálogo entre aspartes, e já houve várias soluções nesse sentido, como fériascoletivas. E o governo que já desonerou vários setores da indústria,para manter o nível de atividade econômica, considera justo também queo empresariado contribua para preservar os empregos”, defendeu.Opresidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, afirmou que as empresas querem aproveitar a crise para “tiraros direitos dos trabalhadores”. Os líderes sindicais pediram a reduçãodo juros, reuniões mais freqüentes do Comitê de Política Monetária (Copom) e ação rápida dos governosem todas as esferas para frear as demissões. “Nós não vamospermitir a redução dos nossos direitos, dos nossos salários, às custasde chantagem empresarial”, afirmou o presidente da União Geral dosTrabalhadores, Ricardo Patah. Para a representante da Organização daInternacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, a crise mundial trouxe sentimentoscontraditórios de preocupação com o desemprego, mastambém de satisfação pela possibilidade de construir novos modelos dedesenvolvimento. “Muitos dos dogmas que estavam por trás daorganização dos mercados financeiros caíram e as pessoas queconstruíram o Fórum Social Mundial vêm lutando desde o começo paraafirmar que um outro mundo é possível”, disse.Para Victor Báez,secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores eTrabalhadoras das Américas (CSA), a crise já existia muito antes docolapso dos mercados financeiros. “A crise já existia. Era a criseenergética, alimentar, social, do meio ambiente. Para nós, a superaçãoda crise não é outra coisa senão superar todos esses problemas”,apontou. O ministro Dulci defendeu que haja uma intensamobilização social para a construção de uma nova ordem“pós-neoliberal”. “O movimento sindical tem uma responsabilidade muitogrande, porque se não houver novas soluções, eles vão superar a criserestaurando o modelo antigo com algumas tinturas de controle técnico.Não basta remover os escombros do neoliberalismo, é preciso criar umanova ordem pós-neoliberal”, afirmou.Dulci afirmou ainda que não é o momento de o governo reduzir os investimentos nas áreas sociais ou cortargastos públicos. “A melhor maneira de enfrentar a crise é avançar nasmudanças sociais e não recuar. Não é hora de reduzir gastos públicos,de reduzir investimentos sociais, é hora de aumentar, ampliá-los.Melhorar a vida dos pobres tem um efeito macroeconômico positivo, faz aeconomia crescer. Os programas sociais ajudam a manter o nível daatividade econômica e o emprego”, defendeu.
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou há pouco a suspensão da exigência das licenças prévias de importação de uma série de produtos. Segundo ele, com a revogação, voltam a valer as regras aplicadas até a semana passada. A decisão, disse Mantega, foi tomada após uma conversa por telefone com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que lidera uma missão de empresários brasileiros ao Norte da África.Mantega disse que a exigência de licença prévia causou uma série de mal-entendidos. “A suspensão das medidas é para cessar ruídos e mal entendidos que surgiram nos últimos dias”, afirmou o ministro, acrescentado que as licenças foram adotadas em vista da piora do desempenho da balança comercial. "Foi notada uma agudização da competição da concorrência no mercado internacional. Em função disso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) resolveu tomar essa medida para fazer o monitoramento mais preciso do que estava acontecendo na nossa balança comercial", afirmou Mantega. Nas primeiras quatro semanas de janeiro, a balança comercial (exportações menos importações) registrou déficit de US$ 645 milhões. O mês de janeiro de 2008 teve um superávit de US$ 922 milhões. O ministro interino do MDIC, Ivan Ramalho, esclareceu que a suspensão só vale para a lista de produtos que foi divulgada pelo Ministério na última-segunda-feira, que passaram a necessitar a licença prévia. "Existem outros produtos sujeitos a controle de outros órgãos e a licenciamentos não automáticos", disse. Desde a última segunda-feira (26), o governo estabeleceu a exigência delicenças prévias de cerca de três mil itens, querepresentam 60% do valor das compras do exterior. A medida atingiu produtos como cereais, têxteis, produtos de ferro fundido, ferro ouaço, móveis, brinquedos, instrumentos e aparelhos ópticos, aparelhos defotografia e de cinematografia, instrumentos e aparelhosmédico-cirúrgicos, malte, óleo diesel e bens de capital como máquinas,aparelhos e materiais elétricos, reatores nucleares, automóveis,tratores e aeronaves.
Da Agência Brasil
Brasília - A seca que assola aregião Sul do Brasil, desde o ano passado, também está atingindo outros dois países do chamado Cone Sul, aArgentina e o Uruguai. A falta de chuvas e as altas temperaturasprejudicam a atividade agropecuária dos países. Os cultivos de milho, soja e trigo são os mais afetados. A Argentina sofre com apior seca desde 1961. Houve perda de 35% da produção de cereais e a morte de 1,5 milhão de cabeças de gado. De acordocom a Agência de Notícias da República Argentina (Telam), apresidente Cristina Kirchner decretou ontem (27) estado de emergênciaagropecuária nas dez províncias afetadas pela seca. A longa estiagem tambémestá acabando com as lavouras uruguaias. Segundo a agência informativaPulsar, são mais de dois milhões de hectares atingidos. Naregião central e oeste do país, a seca arrasou pastos e plantaçõesde soja e milho.O presidente uruguaioTabaré Vásquez também decretouestado de emergência agropecuária e anunciou no último dia 12 uma série de medidas parareduzir os efeitos da seca. De acordo com a Pulsar, a criação defundos especiais para assistência ao setor agrícola é umadas ações do governo.No Rio Grande do Sul, aestiagem levou 89 municípios a decretarem situação de emergência.Estima-se que mais de 150 mil pessoas estão sendo afetadas pelaseca. Em algumas lavouras, houve perda de até 80% da produção. Ocultivo de milho, soja e feijão são os mais atingidos.Para minimizar osefeitos da estiagem,o governo do Rio Grande do Sul está investindona construção de microaçudes e cisternas.A seca deve semanter por mais três meses na região do Cone Sul. Segundo oInstituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há previsão de chuvanormal ou pouco abaixo da média entre os meses defevereiro, março e abril.
Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo vai destinar R$ 574,6 milhões para programas de alimentação e transporte escolar e para melhorias na rede pública de ensino. Amedida provisória liberando os recursos foi assinada hoje (28) pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro com osgovernadores do Norte e Nordeste. A MP tem caráter nacional.De acordo com o Ministério da Educação, com os recursos, mais de 7,3 milhões de alunos do ensino médio terãoalimentação escolar e aproximadamente 1,1 milhão de estudantes doensino infantil e médio da zona rural vão dispor de transporte escolar.Noencontro, o Ministério da Educação liberou R$ 745,5 milhões, por meiode convênios, para 14 estados do Norte, Nordeste e Mato Grosso. Osrecursos já estavam previstos no orçamento da pasta. O dinheiro seráusado para a construção de 116 escolas, sendo 87 de educação básica e29 de ensino médio em nível técnico, e para a reforma de outras 579instituições, destas 295 de educação básica e 284 de ensinoprofissional.Parte do dinheiro, equivalente a R$ 200 milhões, será para a compra de equipamentos, movéis e material pedagógico. Oministro Fernando Haddad firmou ainda com os estados das duas regiõestermo de cooperação técnica para oferecer cursos de primeira e segunda licenciaturas e preparação pedagógica para 318,9 mil professores estaduais e municipais. Opresidente Lula continua reunido, no Palácio do Planalto, com dezgovernadores e sete representantes das regiões Norte e Nordeste. Apauta de discussão do encontro é a redução dos altos índices deanalfabetismo, mortalidade infantil, o fim do sub-registro civil e ofortalecimento das políticas de agricultura familiar. O encontro começoupela manhã sob a coordenação do ministro de Relações Institucionais,José Múcio.
Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A indústria de bens de capital registrou, de novembro paradezembro, a maior queda no número de empregados dos últimos dez anos. Somenteem um mês, segundo balanço divulgado hoje (28) pela Associação Brasileira daIndústria de Bens de Capital (Abimaq), 5.100 trabalhadores do setor foram dispensados.O número representa 2,1% dos quase 247 mil empregados que asindústrias de máquinas tinham em novembro. Um corte como este não era feitodesde dezembro de 1998. Ainda de acordo com a Abimaq, nos últimos dois meses do ano,a quantidade de demitidos chegou a 7.400.Na avaliação do diretor da Abimaq, a falta de crédito está no centro das dificuldades enfrentadas pelas empresas. “Sem capital de giro, a empresa não tem como produzir e nãotem como pagar o funcionário”, disse Carlos Pastoriza,afirmando que a escassez de crédito causada pela crise é uma das maiores causasdas demissões.Pastoriza disse também que a tendência de dispensasainda pode durar algum tempo. Segundo ele, boa parte das indústrias de bens decapital ainda tem encomendas a entregar nos próximos meses e, por isso, precisa dos funcionários. Porém, senovas encomendas não forem feitas, mais demissões serão inevitáveis.
Isabela Vieira
Enviada Especial
São Pedro da Aldeia (RJ) - Aprefeitura decretou, há pouco, situação deemergência nesta cidade da Região dos Lagos. A medida épara garantir indenização (defeso) às famíliasde pescadores prejudicadas pela mortandade de peixes na Lagoa deAraruama. A iniciativa deve ser seguida por outros municípiosda região que pertencem ao mesmo ecossistema e beneficiar cerca de 20 milfamílias.O prejuízo estimado com o acidentedeve chegar a R$ 6 milhões na cidade de São Pedro daAldeia. A lagoa é a principal fonte de renda na região,atraindo turistas e movimentando a pesca. Porém, a mortandadedetectada no último fim de semana, que deve ultrapassar 700toneladas de peixes, segundo associações, e com aproliferação de algas, que deixaram a águaturva, as duas atividades serão prejudicadas.Osecretário de Governo de São Pedro, Francisco MarcosMoreira (Marquinho da Trecus), disse que cerca de 2 mil famíliasda cidade devem receber a ajuda do governo federal. Com o defeso, ospescadores vão ganhar R$ 450 por mês, por no mínimoseis meses. Mas, devido ao impacto do acidente, o benefíciopode ainda ser estendido por um período maior.. “Com30 dias de sol, acredito, a lagoa pode se recuperar. Em compensação,o repovoamento das espécies deve demorar. Teremos que esperaros peixes entrarem na lagoa e o período de desova, o que devedurar, pelo menos, um ano e meio ou dois anos”, afirmou osecretário. “O acidente atingiu várias espéciese matou, inclusive, peixes nobres, como robalo, carapeba enamorado.”De acordo com Marcos, outros municípios daregião deverão decretar estado de emergência e,com isso, o atendimento poderá chegar cerca de 20 milfamílias. Além de São Pedro, a Lagoa de Araruama banha os municípios de Iguaba Grande, Arraial do Cabo, Araruama e Cabo Frio. Osmunicípios também estudam uma maneira de impedir que oacidente se repita. Nos meses da alta temporada, a populaçãoaumenta cinco vezes nessas cidades e, com as chuvas, o tratamento deesgoto se torna inviável.São Pedro foi um dosmunicípios mais afetados pelo problema. Ontem (27), emaudiência pública, a cidade discutiu as causas damortandade dos peixes. Os pescadores culpam a concessionáriade água e esgoto da região, a Prolagos, por despejaresgoto sem tratamento na lagoa.
Aempresa confirma que abriu as comportas, mas por conta do excesso dechuvas. Segundo a Prolagos, a água doce teria alterado asalinidade da lagoa. No último mês, choveu o equivalentea um ano na região.
Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém - O bispo da Diocese da Ilha de Marajó (PA), dom José Luiz Azcona, um dos seis religiosos ameaçados de morte no Pará,criticou hoje (28), durante o 9º Fórum Social Mundial a lentidão das investigação sobre as ameaças de morte no Pará.O religioso éameaçado de morte por proprietários de terra queexploram o trabalho de crianças e adolescentes nosmunicípios de Altamira, Abaetetuba e na região da Ilhado Marajó. Ele afirmou que aperseguição é um estímulo para dar continuidade ao trabalho de denunciar violações aos direitos humanos.“Sou bispo e nãoquero canonizar a mim mesmo. Se estou ameaçado por defendercrianças e jovens da exploração de grupospoderosos isso é um estímulo para continuar minhaluta”, disse.Dom José Luiz Azconadeclarou que não tem medo de morrer e orientou líderesreligiosos da região a terem o mesmo comportamento. “Hoje eusinto a morte de perto e penso muito nela. Não tenho medo dearriscar, de morrer, pela defesa dos direitos das pessoas”, afirmou.Além de dom José Luiz Azcona, também estão ameaçados demorte no Pará, dois bispos, três padres e outras 200pessoas, entre elas lideranças de trabalhadores rurais.O bispo participou doseminário a Igreja e seus Mártires em Defesa dosDireitos Humanos, realizado na tenda Irmã Dorothy naUniversidade Rural da Amazônia.