Rio, 25/10/2002 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Fazenda, Pedro Malan, defendeu hoje o governo Fernando Henrique e criticou a declaração do candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre uma possível renegociação das dívidas com os Estados. "Levamos anos reestruturando essas dívidas em condições favoráveis para os Estados. Quem fala que vai honrar compromissos, não pode dizer que vai rever essas negociações. Qualquer nova concessão que a União faça, terá que compensar com corte de gastos, aumento de impostos ou aumento de dívidas", disse Malan.
O ministro disse que torce para que o próximo governo seja bem sucedido. "Em sã consciência, ninguém pode ter nada contra a mudança. Mas tem que ser uma mudança segura, e para melhor", disse Malan. Sobre o tema do Encontro Nacional de Comércio Exterior, o ministro atacou o que chamou de "críticas infundadas" sobre a carga tributária no setor de exportação. "Luto contra a idéia de que este governo fez pouca coisa pelas exportações. Gostaria que a Associação Brasileira de Comércio Exterior me entregasse uma lista dos impostos que oneram as exportações, que nos comprometemos a responder até o final do ano", disse irônico.
Segundo Malan, a tranqüilidade observada nos últimos dias no mercado financeiro pode ser atribuída à percepção do "extraordinário ajuste" nas contas externas brasileiras. "Até pouco tempo atrás, muita gente achava que o país teria um gravíssimo problema no serviço da dívida externa e no balanço de pagamentos", disse o ministro, lembrando as discussões sobre a vulnerabilidade externa do país que marcaram o início da campanha eleitoral.
Na avaliação de Malan, o mercado já absorveu o processo eleitoral. Há sinais emitidos "por vozes sensatas" que têm levado à expectativa de que os compromissos apresentados durante a campanha talvez sejam "para valer", o que é positivo para o país. "Refiro-me aos compromissos de respeito a contratos, com a preservação da inflação sob controle e com a Lei de Responsabilidade Fiscal, incluindo os contratos de reestruturação das dívidas de 25 Estados com a União", disse Malan. O ministro da Fazendo encerrou, agora à noite, o XXII Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Hotel Glória, Zona Sul da cidade.