Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio Janeiro - O Brasil pode enfrentar problema de falta de energia elétrica em 2009. A avaliação é do coordenador de pós-graduação em Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa. O físico ressaltou, no entanto, que tudo vai depender do desempenho da economia brasileira e da quantidade de chuva, porque a maior parte da energia produzida no país vem de hidrelétricas. “Se a chuva for generosa, o tempo todo, nós podemos atravessar o ano de 2010, e se houver novos investimentos a tempo, mas isso é contar só com a sorte. Não existe estabilidade permanente no sistema hídrico. Nós poderemos ter problemas em 2009. Há uma probabilidade não desprezível de um problema de energia elétrica no Brasil nesta faixa”, disse em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional. Para Pinguelli, houve avanço no setor energético, com a interrupção das privatizações que, segundo ele, estavam sendo feitas de maneira desordenada. “No lugar de estimular, estavam inibindo os investimentos”, afirmou. O professor ressaltou que do ponto de vista prático, entretanto, isso (interrupção das privatizações) não surtiu o resultado necessário. Ele afirmou que o grupo Eletrobrás, que foi presidido por ele no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não tem a liberdade empresarial que precisa para usar os recursos gerados para o investimento.“Grande parte destes recursos é esterilizada no Tesouro Nacional para o superávit primário e a empresa tem uma composição muito obsoleta. Seria necessário modernizá-la”, analisou. Na avaliação de Pinguelli, o último leilão para expansão de energia foi “desastroso”, porque foram incluídas usinas a carvão e a óleo diesel, acrescidas “em grande parte das usinas declaradas como novas, que já eram velhas”. O professor criticou também o número reduzido, na avaliação dele, de usinas incluídas no leilão de expansão de energia em dezembro do ano passado. A intenção inicial do governo era oferecer 17 projetos e no fim foram ofertadas sete, todas vendidas no leilão. A redução no número de projetos foi provocada pela falta de concessão das licenças ambientais conforme determina a nova legislação do setor elétrico. “Há uma oposição ambiental muito forte às hidrelétricas. O governo não conseguiu resolver este imbroglio de pactuar e chegar a um acordo com os grupos ecologistas que se opõem às usinas hidrelétricas”, analisou.Na avaliação de Pinguelli, o Brasil está perdendo a vantagem de ter um potencial hidrelétrico capaz de gerar energia mais barata que independe das variações do mercado internacional. “Na minha opinião, o Brasil deveria investir mais em usinas hidrelétricas. O governo tinha que ter mais vontade política para isto e o governo não demonstra esta vontade”, concluiu.