Estiagem leva Defesa Civil a decretar estado de emergência em 42 municípios do Paraná

20/07/2006 - 22h58

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - No Paraná, a estiagem já levou a Defesa Civil a decretar estado de emergência em 42 municípios. Segundo  o capitão Maurício Genero, outros 19 municípios podem ser declarados em situação de emergência pela Defesa Civil nos próximos dias, caso não chova o suficiente. Calcula-se que cerca de 350 mil paranaenses estão sentindo os efeitos da estiagem prolongada.O nível das barragens que abastecem Curitiba e região diminui a cada dia. A quantidade de água que ainda resta nessas barragens é suficiente apenas para mais três meses de consumo. Segundo a assessoria da Sanepar, no começo da próxima semana técnicos da  companhia se reunirão para definir quando começará  o racionamento,  já que não aconteceu a economia prevista nos últimos dias. A população curitibana está recebendo em casa cartas orientando sobre as conseqüências do desperdício de água.O inverno, segundo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, é considerado a estação mais seca do Paraná. Os prejuízos decorrentes da estiagem estão ainda sendo calculados pela secretaria,  mas, de acordo com a chefe da Divisão de Estatísticas, Gilka Cardoso, com a queda no potencial produtivo das principais culturas do Estado – que até agora somam 5,12 milhões de toneladas – deixarão de circular no Paraná, R$ 1,86 bilhão.O chefe da Divisão de Conjuntura do Deral, Luiz Roberto Souza, disse que  algumas lavouras do milho safrinha estão seriamente comprometidas. O Paraná lidera a produção de milho safrinha, que já contabiliza perdas de 5,4% . A estimativa inicial era colher 3,5 milhões de toneladas do produto. A estiagem prolongada também está prejudicando a safra de trigo. O Paraná é responsável pela metade da produção nacional de trigo. A previsão de colher 2,5 milhões de toneladas já sofreu uma quebra de 6% e, com a falta de chuvas, os agricultores  estão suspendendo o plantio. A pecuária respondeu por 40,5% do Valor Bruto da Produção (VBP), com  um faturamento no ano passado de R$ 10,43 bilhões, tornando-se campeã em renda da agropecuária do Paraná, segundo dados da Secretaria da Agricultura. Esses números deverão ser revistos nesta safra devido a estiagem.  Segundo Luiz Roberto Souza, a  baixa umidade  relativa  do ar está deixando o estado como se tivesse dentro de uma "bolha de ar seco", onde os riscos de incêndio são muito grandes. Para que os pecuaristas não sofram maiores  prejuízos com a falta de pastagens para o gado, existem medidas preventivas. " Eles devem manter atualizada a produção de feno, silagem,  cuidar da proteção das fontes de água e matas ciliares e realizar o plantio de espécies para distribuir aos animais", afirmou Souza.Ele avalia que a maioria dos pecuaristas do Paraná toma essas medidas, mas ressalta que os que precisarem devem  buscar orientações junto ás regionais agrícolas ou cooperativas de sua região – "Senão, o gado perde peso e acaba sendo vendido em condições desfavoráveis".  O rebanho paranaense conta atualmente com 10,2 milhões de cabeças de gado bovino e bubalino, distribuídos em 222 mil rebanhos. O estado é o sétimo produtor nacional de carne bovina.O meteorologista do Simepar Tarcízio Valentin  disse que nos últimos meses os valores acumulados de precipitação têm sido abaixo da média histórica, sendo que em julho e agosto chove menos em relação aos demais meses do ano. "Diante disso, a estiagem em algumas áreas do Paraná ainda deve permanecer no início do segundo semestre", avaliou.