Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília - No Rio de Janeiro, onde participam da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, os presidentes da Bolívia, do Equador e da Colômbia se manifestaram sobre a decisão da Câmara dos Deputados do Paraguai, que aprovou hoje (21), um pedido de abertura de processo de impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo.
Para o presidente da Bolívia, Evo Morales, o que está em curso no Paraguai é o início de um golpe de Estado contra o presidente Lugo, acusado de “mau desempenho” durante um conflito entre policiais e sem-terra que resultou na morte de seis policiais e 11 camponeses, no último dia 15. Para os deputados, Lugo estaria instigando a luta social no país.
“Este golpe de Estado em gestação contra um presidente democraticamente eleito e apoiado pela maioria do povo é um atentado contra a consciência dos povos e contra os governos que hoje impulsionam profundas transformações em seus países, de forma pacífica”, disse. “Convoco os povos indígenas e os movimentos sociais da América Latina a se unirem em uma só frente para defender a democracia no Paraguai e ao presidente Lugo”, completou Morales, segundo a Agência Boliviana de Informação.
Assim que soube da decisão da Câmara dos Deputados paraguaia, o presidente do Equador, Rafael Correa, manifestou a intenção de retornar ao seu país a fim de tratar da crise paraguaia. “Prevíamos retornar ao Equador depois do almoço que a presidenta Dilma Rousseff oferece aos chefes de Estado presentes na conferência, mas decidimos convocar uma reunião urgente da Unasul [União das Nações Sul-Americanas] para tratar da crise enfrentada por Fernando Lugo, a quem pretendem destituir do cargo”, disse Correa.
Já o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, evitou falar profundamente sobre o assunto, preferindo aguardar pelo posicionamento comum dos países-membros da Unasul, que decidiu enviar um missão de chanceleres ao Paraguai com o objetivo é garantir o respeito à ordem democrática, o julgamento justo e o direito de Lugo se defender.
“O que posso dizer é que a posição colombiana é a mesma que sustentamos desde que ingressamos na Unasul: defendemos as democracias, os princípios democráticos e a vontade soberana dos povos. É esta a posição concreta e inegociável que levaremos a qualquer reunião, sobre qualquer situação”, declarou o presidente colombiano durante entrevista coletiva concedida no Rio de Janeiro.
Edição: Aécio Amado
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