Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Convênio firmado hoje (21) na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, permitirá a implementação de um sistema inédito de monitoramento na Bacia de Santos, onde estão situados campos de exploração de petróleo na camada pré-sal, como o Campo de Lula. O monitoramento poderá minimizará problemas de vazamento de petróleo e, consequentemente, o risco de desastres ambientais.
O convênio resulta da parceria entre a Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e a empresa privada BG Brasil, multinacional britânica que é sócia da Petrobras em alguns dos campos do pré-sal da Bacia de Santos, inclusive o Campo de Lula. O projeto prevê investimentos de R$ 20 milhões da BG pelo prazo de três anos.
O professor Luiz Landau, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe, disse que o chamado Projeto Azul é inovador porque trará um conhecimento das condições prévias da região de exploração antes do início efetivo dessa atividade.
Landau admitiu que o sistema de monitoramento oceânico, que será feito com ajuda de robôs mergulhadores, poderá minimizar problemas de vazamento de óleo, como os ocorridos na Bacia de Santos no final do ano passado e no início deste ano. “A atividade de produção sempre tem seu risco. Mas, o que a gente pode é trabalhar para minimizar qualquer tipo de impacto”.
A Coppe está iniciando um projeto de levantamento das condições oceanográficas da Bacia de Santos antes do início da produção do sistema. “O que a gente vai obter é uma linha de base, uma referência de qual é a situação hoje em termos de oceanografia, de meio ambiente, na Bacia de Santos. Qualquer atividade de produção e exploração vai ter que levar como referência essa linha de base. Se houver alguma atividade que cause dano ao meio ambiente, nós vamos ter que recuperar o que era antes”, disse Landau.
O sistema de monitoramento também poderá ser implantado em outras bacias. Para o professor da Coppe, esse deveria ser um pré-requisito para a exploração de petróleo e gás visando à redução de acidentes. “É um pré-requisito no sentido de conhecer onde você vai trabalhar. É ter uma base, uma referência e nunca esquecer essa referência sobre como era antes de começar. Esse é o grande objetivo do projeto”, disse.
Segundo o professor da Coppe, o sistema pode ser levado para qualquer atividade que envolva o oceano como ambiente. Ele esclareceu que um sistema de observação desse tipo não existe na Bacia de Campos, nem poderá ser aplicado ali, porque “você perdeu a referência”.
Landau avalia que na Bacia de Campos, um monitoramento desse tipo deveria ter sido implantado entre os anos de 1975 e 1976. Agora, não há mais possibilidade “porque a atividade humana é muito intensa e o ambiente não é mais virgem, como ocorre na Bacia de Santos”.
De acordo com informação da assessoria da Coppe, o sistema facilitará, pela primeira vez, que as correntes oceânicas sejam estudadas até a profundidade de 2 mil metros. Além disso, o sistema de monitoramento poderá ser integrado a outros projetos similares existentes na Europa e nos Estados Unidos.
Edição: Fábio Massalli
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