Desarticulado grupo do crime organizado do Rio e de SP que traficava drogas e vendia armas

17/06/2010 - 20h12

Agencia Brasil

 

Rio de Janeiro – Ao desarticular uma quadrilha de traficantes, a Polícia Federal confirmou a ligação entre facções criminosas do Rio de Janeiro e de São Paulo para a compra e distribuição de drogas e armas vindas do Paraguai. Segundo a PF, o esquema movimentava US$ 1 milhão por mês e contrabandeava uma média de 15 fuzis mensalmente para abastecer favelas do Rio. A PF suspeita que o traficante Fernandinho Beira-Mar, que cumpre pena em um presídio federal em Mato Grosso do Sul, esteja envolvido no esquema internacional.

 

Desde janeiro deste ano, a Delegacia de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas da Polícia Federal (Delearm) realiza a Operação Patente, que cumpriu até agora 13 dos 16 mandados de prisão expedidos. Segundo a PF, um grupo de cinco presidiários ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), do Rio, coordenava as ações de dentro de um presídio em associação com membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.

 

“A cúpula do grupo agia de dentro dos presídios e tinha articulação com pessoas de fora que negociavam essas armas e drogas em Capitán Bado (Paraguai) e Coronel Sapucaia (MS). É uma ligação que há entre o PCC e o Comando Vermelho”, disse o delegado chefe da Delearm, Anderson de Andrade Bichara.

 

A Polícia Federal também reafirmou a necessidade de fiscalização de celulares na entrada das cadeias. “O problema de sempre é a entrada de celular em presídio. Tem que haver uma fiscalização para que isso não continue ocorrendo”, assinalou Bichara..

 

O delegado informou que foram expedidos 15 mandados de busca e apreensão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em Petrópolis, na região Serrana, e em São Paulo. Foram feitas três prisões em flagrante e apreendidos 140 quilos de maconha, 13 sacolés de cocaína, pistolas de calibre restrito, uma submetralhadora, carregadores e munição.

 

O delegado Enrico Zambrotti, que também participou das investigações, estima que o esquema movimentava U$ 1 milhão por mês e contrabandeava 15 fuzis para abastecer favelas de Petrópolis e da região metropolitana do Rio.

 

Ontem, a PF cumpriu outros cinco mandados e prendeu quatro indiciados, durante reunião do grupo em um restaurante em Copacabana, zona sul do Rio. O quinto membro, Benedito Ramos, conhecido como Tinho, foi detido no Aeroporto Internacional Tom Jobim quando desembarcava para o encontro.

 

Tinho é do PCC e era encarregado da logística do transporte de armas e drogas vindas do Paraguai. Solange Sombra, que teria uma ligação com ele, e Anderson Tibério também foram presos.

 

“A coordenação das atividades criminosas [no Rio de Janeiro] era feita por presidiários ligados ao Comando Vermelho, que tinha elo direto com o PCC, em São Paulo”, afirmou Zambrotti. Segundo ele, a PF também prendeu Luciano de Azevedo Ananias, dono de uma empresa de transportes no Rio que levava as cargas de drogas e armas.

 

O delegado Zambrotti afirmou que o líder do grupo, Lenildo da Silva Rocha, também foi preso. Trata-se de um ex-detento de um dos presídios do complexo de Bangu, solto há cerca de dez dias em Duque de Caxias. A advogada Eunice Fábio dos Santos, defendia Lenildo e fazia movimentações financeiras quinzenais da quadrilha, no valor de R$ 50 mil.

 

Cristiana Ferreira Maurício da Silva, presa em Petrópolis, também movimentava o dinheiro da quadrilha. Todos os presos são acusados de tráfico de drogas e associação para fins de tráfico internacional. A pena mínima para esses crimes é de 15 anos.

 

Edição: João Carlos Rodrigues