Roberto Maltchik
Enviado especial da EBC
Tegucigalpa (Honduras) - Apósum mês no poder, o governo provisório de Honduras sofreu o mais durogolpe até agora. Os Estados Unidos suspendaram os vistos diplomáticosde quatro autoridades hondurenhas, que participaram da deposição do presidente. Na lista, o juiz que mandou prender Manuel Zelaya, em 28 de junho, e o presidente do Congresso, Jose Alfredo Saavedra.O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ian Kelly,disse que outros vistos diplomáticos podem ser revistos, e reafirmouque os Estados Unidos não reconhecem Roberto Michelleti como presidentede Honduras. De acordo com a assessoria do presidente provisório deHonduras, essa reação não preocupa, já que foram suspensos apenas osvistos diplomáticos e não os vistos convencionais das autoridades.Aação norte-americana foi um recado para o Congresso, que pretendeatrasar o quanto pode a decisão sobre a concessão ou não de uma anistiapara Zelaya e para os militares, que expulsaram do pais o presidentedeposto. A anistia deve ser votada só na quinta-feira (30), prazo máximo estipulado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, responsável pela negociação internacional.Odeputado Ronaldo Reyes Avelar, do Partido Nacional (de oposição aZelaya), disse que não tem pressa para terminar com o impasse. “Vamosanalisar todos os pontos com muita cautela. Não vamos fazer nada deafogadilho”, advertiu. O ex-presidente do Chile RicardoLagos foi convocado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) paraauxiliar nas negociações. Hoje (28), em Tegucigalpa, houve poucasmanifestações. Lojas e escolas funcionaram normalmente. Mas o grupo afavor de Zelaya promete parar a capital na quinta-feira e na sexta-feira (31).“Esse governo só administra a crise, não faz mais nada”, analisou IsraelSalina, secretário-geral da União dos Trabalhadores de Honduras. Enquantoisso, o toque de recolher completa quatro dias na fronteira. Mesmo como bloqueio de estradas, os militares deixaram que a mulher de ManuelZelaya, Xiomara Zelaya, avançasse em diração à aduana, onde opresidente deposto comanda a resistência ao golpe. O comandate militar, Romeu Vasquez, foi à região, e ordenou que o Exército mantenhaa patrulha para impedir a entrada de Manuel Zelaya no país.