UnB envia documento ao Supremo com informações sobre políticas de cotas

28/07/2009 - 9h29

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo deSousa Junior, envia hoje (28) ao presidente do Supremo TribunalFederal (STF), Gilmar Mendes, documento em resposta a ofício quesolicita informações sobre o sistema de cotas para estudantesnegros e indígenas, implementado na instituição em junho de 2003.No últimodia 20 de julho, o partido Democratas protocolou uma ação contra apolítica de cotas. O partido quer que o STF declare ainconstitucionalidade do sistema e, por fim, leve à suspensão dapolítica da UnB e de outras instituições de ensino superior emtodo país.A açãoé iniciativa da advogada Roberta Fragoso Menezes Kaufmann, queavalia que a provocação ao Supremo é fundamental. “Não épossível que um debate tão importante para o país não estejasendo realizado pelo tribunal constitucional.”Segundo aadvogada, a Justiça tem sido contraditória nos processos sobrepolíticas afirmativas. “O que vemos hoje são decisões de juízesde 1º grau e de desembargadores de 2º grau, tanto nos tribunaisregionais federais quanto nos tribunais de Justiça, decisõesdiscrepantes sobre o assunto. Ao chegar ao Supremo, a questão serápacificada”, acredita.Aassessora de Diversidade e Apoio aos Cotistas da UnB, Deborah SilvaSantos, discorda da advogada e defende a política contra o racismo.“A universidade continua refletindo o racismo que existe nasociedade brasileira.”Deborahassinala que a política de cotas não é um sistema de privilégios.“Os cotistas têm que passar pelo vestibular. Entram os melhores”,afirmou.Emsetembro, a UnB deverá divulgar uma pesquisa com o perfil e odesempenho dos estudantes cotistas. Há atualmente na universidade2.620 alunos negros cotistas entre os veteranos e mais 654 calouroscotistas.Segundo oInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, ataxa de frequência escolar de pretos e pardos entre 20 e 24 anos erainferior a 21% em todo o país. Os termos pretos e pardos são usados por diversos órgãos de pesquisa populacional. A expressão negros se usa  para denominar o conjunto de pretos e pardos.No ensino médio, havia 153 milestudantes pretos e 1,1 milhão de pardos naquele ano contra 1,3milhão de estudantes brancos conforme dados do Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No ensinofundamental, havia 688 mil alunos pretos e 5,4 milhões de pardoscontra 5,6 milhões de brancos.De acordocom o Censo Demográfico de 2000, baseado na autodeclaração doentrevistado, 53,74% da população brasileira são brancos;38,45%, pardos; 6,21%, pretos; 0,45%, amarelo; 0,43%, indígena; e 0,71% não declarado.