Bloqueio israelense piora situação em Gaza, diz diretor de agência da ONU

28/07/2009 - 18h56

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O bloqueio militar imposto por Israel à Faixa da Gaza, no OrienteMédio, agrava a cada dia a situação humanitária dos cerca de 1,4milhão de refugiados palestinos que vivem no local. Pelas barreirassó passam alimentos básicos e remédios. Produtos como material deconstrução, papel, sementes e fertilizantes ficam retidos.Ainformação foi dada hoje (28) pelo diretor do Escritório daAgência das Nações Unidas de Assistência aos RefugiadosPalestinos, Andrew Witley, em entrevista à Agência Brasil,durante o Seminário Internacional de Mídia sobre a Paz no OrienteMédio, no Itamaraty, no centro do Rio.De acordo com Witley,além da agricultura, que garantia alguma renda aos refugiados, obloqueio tem afetado o acesso ao trabalho, à saúde e às práticaseducacionais. “A proibição da entrada de papel inviabiliza aimpressão de material didático, por exemplo, assim como osconstantes cortes de luz comprometem diversas atividades”, disseele.Com a restrição da passagem de materiais de construção,a recuperação da infraestrutura do país e até de prédios daOrganização das Nações Unidas (ONU), atingidos principalmente noúltimo conflito, entre dezembro de 2008 e janeiro deste ano, tambémé prejudicada. “Cerca de 50 escolas ficaram sem vidros e nãopodem ser consertadas”, informou.Segundo a Agência dasNações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, a ofensivaisraelense no final do ano passado deixou 1,3 mil mortos e mais de 5mil feridos. No entanto, disse Witley, a situação atual édecorrente de uma série de fatores, como a explosão da segundaintifada (revolta popular), em 2000, quando Israel começou arestringir a passagem de palestinos e as trocas comerciais. “Éum bloqueio medieval. As autoridades de Israel querem manter aopressão sobre a população. Acho injusta essa punição coletiva”,criticou Witley, afirmando que também não concorda com o lançamentode mísseis contra Israel.O bloqueio de Israel a Gaza foiimposto em 2007, um ano após a eleição do grupo Hamas para ogoverno da Palestina, em substituição à liderança da AutoridadeNacional Palestina, presidida, atualmente, por Mahmoud Abbas, dogrupo nacionalista Fatah.A medida adotada pelo ladoisraelense tem objetivo de defesa, defendeu o ex-vice-chanceler deIsrael, Eli Dayan, durante os debates do seminário. Ao reconhecer osproblemas em Gaza, ele admitiu que, com um compromisso claro do Hamascom um cessar-fogo, as negociações seriam mais fáceis e algunspostos de controle poderiam ser liberados. Embora a situaçãoem Gaza seja “a mais crítica”, Andrew Witley também chamou aatenção para a situação na Síria, onde estão 9,9%, dos cerca de4,7 milhões de refugiados palestinos. “Na Síria, eles não têmcidadania", afirmou o diretor da agência das Nações Unidas.