Banco Central vê espaço para mais redução de juros do crédito

28/07/2009 - 15h15

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ainda há bastanteespaço para mais redução das taxas de juros cobradas nas operaçõesde crédito, na avaliação do chefe do Departamento Econômico doBanco do Central (BC), Altamir Lopes.Segundo dados do BC,divulgados hoje (28), em junho, a taxa geral (pessoas físicas ejurídicas) chegou a 36,7% ao ano, o menor patamar desde dezembro de2007 (33,8% ao ano). Os juros anuais médios cobrados de pessoasfísicas passaram de 47,3% em maio para 45,6% em junho deste ano,também o menor patamar desde dezembro de 2007 (43,9% ao ano). Nocaso das empresas (pessoas jurídicas), a taxa média caiu 1 pontopercentual, passando de 28,5% para 27,5% ao ano, de maio para junhode 2009.Neste mês, os dadospreliminares até o dia 16 mostram que a taxa de juros geral caiupara 36,2% ao ano. Para as pessoas físicas, está estável em relação à de junho e, para as empresas, caiu para 26,8% ao ano.De acordo com Lopes, asreduções da taxa básica, a Selic, que serve de referência para osjuros cobrados nos empréstimos, “ainda não se refletiram na suaintensidade total”. Neste ano, a Selic teve queda de 5 pontospercentuais e atualmente está em 8,75% ao ano.Segundo Lopes, asinstituições financeiras passaram por um período de redução docusto de captação dos recursos, mas elevaram o spread(diferença entre a taxa de captação e a cobrada dos clientes nosempréstimos). Esse aumento ocorreu em função da alta dainadimplência. “À medida que a inadimplência se resolve eapresenta tendência de queda, é natural que o spread continue acair dando esse espaço para redução da taxa ao tomador final”,disse. Ele prevê que em três meses a inadimplênciafique estável para as empresas e caia para as pessoas físicas.De acordo com Lopes,com a crise financeira internacional, as empresas tiveram dificuldadesde refinanciar os empréstimos. Com isso, aumentou a inadimplência.Entretanto, segundo ele, com a retomada do crédito, a tendência éque a inadimplência caia. Uma indicação de que haveráinadimplência menor para as empresas é a redução dos atrasos de15 a 90 dias, que passaram de 2,7% para 2,3% de maio para junho. Os dados do BC mostramque a inadimplência com recursos livres para as famílias ficou estável em 8,6% emrelação à de maio. No caso das empresas, houve aumento dainadimplência de 3,2% para 3,4%, recorde da série histórica iniciada em 2000. No total, a inadimplência com recursos livres passou de 5,5%, em maio, para 5,7%, em junho, também o maior patamar da séria histórica.No caso do crédito total (com recursos livres e direcionados – aquele em que as taxas ou recursos são pré-estabelecidos em normas governamentais, basicamente destinado aos setores rural, habitacional e de infraestrutura), a inadimplência subiu de 4,3%, em maio, para 4,4% em junho. A inadimplência corresponde aoatraso de pagamento superior a 90 dias.