Dawkins defende fim da influência da Igreja, em conferência na Flip

02/07/2009 - 22h04

Lísia Gusmão
Enviada especial da EBC
Paraty (RJ) - Evolucionista em evidência, o inglês Richard Dawkins leva a sério o que parece ser uma missão: defender a ciência e o fim da influência da religião no mundo. Durante a conferência na noite de hoje (2), na 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Dawkins reconheceu a religião como fonte de alívio e conforto, e sua forte influência nas artes, mas não considerou os dois argumentos suficientes para validá-la.“O fato de as pessoas encontrarem alívio e conforto na religião não significa que ela seja verdadeira”, afirmou, acrescentando, que, se a religião foi a fonte de inspiração para os artistas, o interesse estava no dinheiro. “Grandes artistas vão aonde está o dinheiro. A verdade é essa. E as pessoas que tinham dinheiro estavam na Igreja”, completou.A participação de Dawkins é um dos destaques da Flip no ano em que a publicação de A Origem das Espécies, de Charles Darwin, comemora 150 anos. Autor do polêmico livro Deus, um Delírio, traduzido para 31 idiomas, ele insiste que não há evidência para a criação do Universo tal como sustenta a religião. “O mundo é cheio de mitos maravilhosos, com uma beleza poética fabulosa”, disse.O biólogo defendeu o ateísmo e, bem humorado, convocou os ateus a saírem do armário. “Há muitos ateus que nunca ousaram levantar a sua voz. Nós fomos educados para não atacar a religião. A crítica mais suave pode soar agressiva”, afirmou.Perguntado sobre o medo da morte, Dawkins disse que teria, caso fosse religioso e pelo mistério que existe em torno dela, e o que vem depois. “Não antecipo, nem aguardo ansiosamente o processo da morte. Faço parte da única espécie condenada a sofrer”, disse. Dawkins encerrou a sua participação, no palco principal da Flip, respondendo a um leitor que, da plateia, quis saber qual seria a reação do cientista se se descobrisse diante de Deus. Ele afirmou que, primeiramente, perguntaria de qual deus tratava-se. Em seguida acrescentaria: “Não há evidência de que você seja Deus”.