Laboratório anuncia vacina contra infecções causadas por bactérias pneumocócicas

02/07/2009 - 16h16

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma nova vacina pneumocócica desenvolvidaespecialmente para crianças de até cinco anos de idade, de países emdesenvolvimento, pode chegar ao mercado brasileiro em um prazo máximo detrês meses, ampliando a cobertura de imunização para doenças pneumocócicasinvasivas tais como a meningite.Provocadas por bactérias em forma de coco, as doenças que se busca controlar com a vacina são, principalmente a meningite e a pneumonia. A meningite, uma inflamação por infecção da membrana cerebral), atinge até 82% da populaçãobrasileira nesta faixa etária. Com o controle por meio de imunização, calcula-se uma economia de R$ 200 milhões ao ano em internação e tratamento emhospitais.A vacina vem sendo desenvolvida há mais de dez anos pelolaboratório GlaxoSmithKline (GSK), sediado na Bélgica, que mantémpesquisas com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a OrganizaçãoPan-Americana da Saúde (Opas) na descoberta de vacinas. Aprovada pela Agência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa) no último dia 22, a vacina aguarda a liberação pela CâmaraBrasileira de Medicamentos, instância interministerial que definiráo valor da nova vacina para o consumidor. O laboratório anunciou o novo produto hoje (2), em entrevista, da qual participaram o infectologista da Sociedade Brasileira dePediatria Aroldo Prochmann de Carvalho e o gerente médico de vacinas dolaboratório, Otávio Cintra. Eles detalharam as diferenças entre avacina disponível hoje no mercado, a 7-Valente, e a Synflorix, nome comercial da nova vacina. No Brasil, por força de legislação específica, ela não terá este nome, mas sim, a relação dos componentes e princípios ativos. O avanço em relação ao produto anterior é ainclusão de novos tipos de pneumocos, ou sorotipos, em sua composição, o que amplia o espectro de imunização.Opneumoco agride, sobretudo, crianças na faixa etária de até 5 anos,mas é nos dois primeiros anos de vida que ele se tem mostradoespecialmente perigoso. É a segunda principalcausa de morte entre crianças desta idade. De acordo com os médicos, quando não se registra casos de morte, as doenças provocadas pelopneumococo costumam deixar sequelas neurológicas em 40% dos casos, ou auditivas em60% das crianças infectadas.“A doença pneumocócica é a segunda causade meningite dessas crianças em todo o mundo. São 150 milhões devítimas por ano, somando mais de dois milhões de óbitos. E o pneumocococausa 27,8% das mortes”, afirmou Aroldo Prochmann de Carvalho.Já Otávio Cintra, médico do laboratório, disse que a nova vacina é um grande avanço emrelação à 7-Valente, aplicada desde 2000 com resultados positivos nos Estados Unidos e na Austrália.“Anova vacina é a primeira desenhada especificamente para os países emdesenvolvimento”, explicou Cintra. “Nos Estados Unidos, a 7-Valenteatingiu uma redução incrível nos casos de doenças respiratórias emcrianças de 1 a 5 anos de idade. Com o avanço da nova vacina, osbons resultados alcançarão toda a América Latina, a África e os paísesasiáticos que também enfrentam as doenças das vias respiratórias nas suas crianças”.Segundo os doutores, o Brasil tem cobertura de70% dos casos possíveis com a vacina atual, índice que chegará a 82%com a utilização da vacina recém-lançada. Eles adiantaram que ela podeser aplicada a partir da sexta semanade vida, mas que deverá incorporar-se ao calendário de vacinaçãoinfantil brasileiro, ou seja, doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, e umade reforço aos 15 meses.Sobre o emprego da vacina pelo governo,os dois foram reticentes. “Primeiro, vamos aguardar a definição daCâmara de Preços de Medicamentos, então veremos”, disse Carvalho. Ele destacou que é o governo é quem estabelece ademanda. A nova vacina é aplicada porinjeção na coxa da criança, podendo provocar reações semelhantes às das demais vacinas, como febre,vermelhidão e mal-estar.