Juliana Cézar Nunes
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Belém - As organizaçõesque discutem a dívida externa de países do Sul levarampara a assembléia final do Fórum Social Mundial 2009uma convocação para que todos os governos entrem emprocesso de auditoria e, com base nas análises, declarem ailegalidade das dívidas, suspendendo os pagamentos eexigindo reparação por processos abusivos deendividamento. O documento, assinado pela Campanha Jubileu Sul e pelaComissão Internacional pela Anulação da Dívidado Terceiro Mundo, também reivindica que os governos dospaíses do Sul se retirem do G20.Os movimentos aindacondenaram o que chamam de campanha da imprensa contra auditoresfiscais que participam dos processos de auditoria da dívida empaíses como o Equador. Foi aprovada uma moção deapoio à auditora fiscal Maria Lucia Fatorelli, cedida peloMinistério da Fazenda para auxiliar o governo equatoriano naauditoria da dívida externa.Os movimentos tambémdeclararam apoio à decisão do Paraguai de auditar adívida externa com o Brasil e à criaçãoda Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a dívidaexterna no parlamento brasileiro.“Todos os movimentossociais devem se unir em torno da luta contra a dívidaexterna, especialmente neste momento de crise do capitalismo. Nãodevemos, não pagamos, não queremos pagar a crise dosricos”, destacou, sob aplausos, Camille Chalmers, integrante daCampanha Jubileu Sul e relator da Assembléia sobre a Auditoriada Dívida Externa na assembléia geral do FórumSocial Mundial.“A reduçãodos preços das matérias-primas e as novas condiçõesde refinanciamento da dívida do Sul anunciam uma nova crise dadívida que vai afetar as classes exploradas e facilitar oretorno dos mecanismos que as classes dominantes usam para que ospobres paguem pela crise.”De acordo com Chalmers,a resposta das “classes dominantes” à crise econômicaé “vergonhosa” e mostra a capacidade que paísescomo Estados Unidos, França e Alemanha têm para anular adívida externa dos países do terceiro mundo.“A abundânciade liquidez para salvar os aparatos financeiros, com US$ 700 bilhõesjá liberados para o capital financeiro, mostra o escândaloda dívida externa, especialmente quando comparamos com o valorda dívida externa dos países do Sul e com os recursosnecessários para resolver graves problemas da humanidade, comoeducação, saúde e fome”, disse Chalmers.Com relaçãoao G20, as organizações que fizeram parte da Assembléiasobre a Auditoria da Dívida Externa consideram o grupo um novomecanismo institucional para tentar “salvar o capitalismo” eexigem que os países do Sul não participem desse fórumde discussão. Para ressaltar essa posição, osmovimentos reunidos no Fórum Social Mundial firmaram um pactode ampla participação nos protestos programados para ofinal de março, durante a reunião do G20.