Tarifa livre não reduziu preços de passagens entre países sul-americanos, dizem especialistas

24/01/2009 - 17h54

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quase um ano apóster liberado as empresas aéreas a concederem descontos naspassagens para países sul-americanos, a Agência Nacionalde Aviação Civil (Anac) ainda não sabe informaro impacto da medida no bolso do consumidor brasileiro. Já aAssociação Brasileira de Agência de Viagens (Abav) afirmaque a flexibilização tarifária ainda nãosurtiu efeitos significativos. “Estamos semprechecando os preços e eles continuam na mesma média”,afirmou o diretor de Assuntos Internacionais da AssociaçãoBrasileira de Agências de Viagens (Abav), Leonel Rossi Junior.“Primeiro por uma questão de oferta e procura, jáque, até o fim de 2008, o interesse por destinossul-americanos estava muito forte”, completou.Em março de2008, quando começou o plano de liberaçãogradual das tarifas aéreas internacionais, a Anac afirmou quea medida possibilitaria uma redução dos preços,resultado da maior concorrência entre as companhias. Divididoem três etapas, o processo de flexibilizaçãotarifária terminou em setembro do ano passado. Desde então,as empresas que operam na América do Sul têm totalliberdade para estipular seus preços, não tendo maisque observar um percentual máximo de descontos.Na ocasião, aAnac também divulgou que, embora a concessão dosdescontos não fosse obrigatória, a nova políticaserviria para corrigir distorções entre os valores daspassagens cobradas no Brasil e o praticado em outros países,onde as companhias podem fixar preços livremente. Pelainternet, no entanto, é fácil verificar que, em geral,os bilhetes comprados aqui continuam custando mais caro que nospaíses vizinhos, mesmo quando comparados os valores cobradospor uma mesma empresa.Procurada pelareportagem, a Anac informou não ter feito qualquer estudo paraavaliar o impacto da medida. Segundo a assessoria da agência,promoções eventuais ocorreram nos últimos dezmeses e a expectativa dos técnicos da Anac é que outrasocorram após o fim da temporada de final de ano. Nãohá, no entanto, nenhum levantamento para verificar se a novapolítica contribuiu para que os preços regularesbaixassem.Rossi, no entanto,desvincula a liberdade tarifária das promoções,alegando que estas já ocorriam muito tempo antes. Alémdisso, ele afirma que mesmo nessas ocasiões, a reduçãodos preços não atinge às expectativasinicialmente divulgadas pela Anac.“Durante um final desemana, quando há menos executivos viajando, ou fora da altatemporada, os preços podem cair um pouco, mas nunca tantoquanto o que era esperado. As reduções chegam, emmédia, a 15% ou 20%, no máximo, mas somente durante aspromoções. E essas [tarifas] são difíceisde se conseguir, já que as empresas disponibilizam poucosassentos”, argumentou Rossi.Para odiretor-executivo do Núcleo de Economia dos Transportes,Antitruste e Regulação (Nectar), centro de pesquisas doInstituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), AlessandroOliveira, o fato demonstra que não basta conceder liberdadetarifária para baratear os preços das passagens, sendopreciso estimular a concorrência por outros meios.“Aparentemente a Anacdesregulou o mercado, mas as empresas continuam adormecidas. Comisso, podemos dizer que os preços não caem somentedevido à desregulamentação. É precisogarantir que novas empresas entrem ou se expandam no mercado”,defende Oliveira.