Nordeste tem oportunidade inédita de obter progresso econômico e social, diz ministro

24/01/2009 - 8h24

Marco Antonio Soalheiro*
Enviado Especial
Juazeiro e Salvador (BA) - O Nordeste brasileiro está diante de condições inéditas para alcançar amédio e longo prazo redução significativa das desigualdades sociais enfrentadas pela região com a falta histórica de alternativas depromoção. A avaliação foi feita  pelo ministro da Secretaria deAssuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, em visita a estados nordestinos para discutir um novo plano de desenvolvimentoregional, a ser implementado em parceria com os governos estaduais.Osfatores positivos apontados por Unger são a existência de experiências bem-sucedidas passíveis de serem reproduzidas, a renovação recente deforças políticas em muitos estados e a disponibilidade de recursos paragrandes obras de infra-estrutura, por meio do Programa de Aceleração doCrescimento (PAC).“Há uma concatenação de circunstâncias, difícil deimaginar que vá se repetir num futuro próximo. Uma grande variedade deações empreendedoras e culturais, uma renovação da cultura política comconsenso dos governadores e obras infra-estruturais. Se intervir agoraum projeto forte, o Nordeste pode dar uma grande salto”, afirmou Ungerem entrevista à Agência Brasil. Nas exposições feitas aautoridades e lideranças da sociedade civil em Juazeiro e Salvador (BA),Unger defendeu que a definição prévia de um projeto de visãoestratégica da região é necessária para que os subsídios e incentivosdemandados não sejam desvirtuados por pressões políticas. Umaspecto central do planejamento vislumbrado pelo ministro seria mudar oparadigma econômico da região, de forma que ela não cresça com base naatração de investimentos simplesmente por vantagens comparativas decustos.   Para exemplificar melhor sua tese, Unger recorre a umaanalogia com a China.  “O Nordeste podeser a nossa China, no bom e no mau sentido. Será a nossa China no mausentido se for apenas um manancial de trabalho barato. Mas será a Chinano bom sentido se for uma fábrica de engenho e inovação”,   argumentou.  “O Nordeste não deve tentar ser [o estado de] São Paulo tardio eencolhido. É um terreno para se fazer diferente”.O objetivo daviagem de Unger é conhecer projetos exitosos na região - como aprodução de frutas para exportação no Vale do São Francisco -  e colhersugestões práticas dentro de cinco vertentes preconcebidas por ele. São elas: expansão da agricultura irrigada e de sequeiro; políticaindustrial voltada à formação de redes de pequenas e médias empresas;associação do ensino médio a uma formação técnica flexível; evolução deprogramas de transferência de renda, com ações direcionadas para quempode vencer a linha da pobreza por meio do trabalho; projetosindustriais que contemplem vocações produtivas locais e condições detransformação social no entorno.    O governador da Bahia,Jaques Wagner, considerou positivas “as provocações”de Unger para que oNordeste substitua estratégias de desenvolvimento que se mostraramineficazes para a promoção de oportunidades e de justiça social. Eletambém  apontou  um quadro político regional mais propício à discussão.“Creio que a iniciativa do ministro encontrará ecos fortes. Temos umanova geração de governadores, da qual eu sou o vovô, que chega commaturidade política, administrativa e democrática. A própria refundaçãoda Sudene [a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste]também deverá abrigar as propostas do ministro. Temos grandesparcerias para agregar”, ressaltou Wagner.Outro anfitrião deUnger, o  prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, disse esperar que oNordeste passe a receber mais atenção nas políticas federais,especialmente no estímulo à agricultura regional . “Hoje, o problema não é  só  crédito insuficiente, mas ter uma política adequada para atender a demanda. Tem que ter plano permanente e não trabalhar em questões emergenciais”, afirmou Carvalho.  Representantesda Casa Civil, dos Ministérios da Agricultura,  do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,da Integração Nacional  e  Educação, do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES) acompanham Unger no Nordeste. A comitiva passará ainda porAlagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Será formado um grupoexecutivo que ficará responsável por definir uma relação de  ações concretaspossíveis de serem implementadas por meio da colaboração entre  o governo federal e os estados, dentro do novo projetode desenvolvimento regional.